Política

Marcelo espera “reuniões importantes”: Costa fala com Jerónimo e Catarina este sábado, Bloco e PCP podem decidir domingo

Marcelo espera “reuniões importantes”: Costa fala com Jerónimo e Catarina este sábado, Bloco e PCP podem decidir domingo
Ana baião

António Costa regressa de Bruxelas na sexta e terá umas horas para montar o puzzle final a oferecer à esquerda. Reuniões com Jerónimo e Catarina Martins serão no sábado, já depois da Comissão Política socialista. Bloquistas reúnem a Mesa Nacional para o dia seguinte, de onde sairá uma decisão sobre o sentido de voto sobre o Orçamento do Estado. PCP ainda não confirmou Comité Central para domingo. Marcelo diz que continua a "esperar e desejar" entendimento nos próximos dias

A primeira indicação era de que as reuniões decisivas seriam na sexta-feira, mas António Costa pediu a Jerónimo de Sousa e Catarina Martins para que as reuniões finais - e decisivas - para o Orçamento ficassem para sábado. Só regressando esta sexta-feira ao almoço da cimeira europeia de Bruxelas, o primeiro-ministro quer tempo para fazer o desenho final das últimas cartas a entregar às esquerdas com João Leão e o seu núcleo duro, sabendo que ali se chegará a um ponto de não retorno: é que a discussão na generalidade começa na terça-feira e o Bloco e PCP têm de tomar decisões rapidamente. O Bloco de Esquerda já marcou para domingo, dia 24, a reunião da Mesa Nacional, órgão máximo entre convenções, para definir o sentido de voto, enquanto os comunistas mantêm em aberto um Comité Central para domingo.

Do lado do Governo, a estratégia é agora de dar tudo o possível - dentro do que são as linhas vermelhas socialistas -, não só para evitar a precipitação de eleições como, se elas vierem, ter argumentos para em campanha o PS poder passar a responsabilidade para os dois ex-parceiros de geringonça e não ficar com o ónus de uma crise. Esta quinta-feira, na reunião do grupo parlamentar socialista, foram várias as vozes que alertaram para a necessidade de não deixar pretextos e apostar o máximo numa negociação final - um clima geral noticiado pelo Observador e já confirmado pelo Expresso.

Do lado da esquerda, porém, a pressão é máxima: a retórica bloquista não muda um milímetro porque, alega o partido, o Governo também não tem nada de novo para oferecer. Ou, quando tem, “é até mais recuado” do que o que sai das reuniões entre os partidos ou do que “o que já existe”, como repetiu esta manhã Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do partido. Este fim de semana é o do último fôlego.

Após a reunião com Costa, conta a agência Lusa, Catarina Martins fará uma conferência de imprensa de apresentação das conclusões, onde será possível medir a temperatura do partido, que se tem queixado de levar sempre da parte do Governo “baldes de água fria”. Mas será no dia seguinte que o partido vai tomar decisões definitivas. A Mesa Nacional reúne-se no domingo para analisar o OE, uma semana depois de ter enviado ao Governo a redação das nove propostas para as negociações, cinco das quais são alterações ao Código do Trabalho que terão que ser efetivadas à parte do documento orçamental.

Do lado do PCP, tudo será, como sempre, mais reservado: o partido não só não comenta a reunião com Costa (que o Expresso confirmou através de fonte do Governo), como não tem prevista qualquer declaração após a mesma. Os comunistas de resto também não confirmam o que já foi noticiado: que pode haver Comité Central no domingo para decidir formalmente o sentido de voto.

Até aqui, como referiu o líder parlamentar João Oliveira, as perspectivas continuam negativas.

Marcelo espera por "reuniões muito importantes"

Pelo caminho, o Presidente da República diz que continua "a esperar, tendo a consciência de que estes dias até ao fim da semana são muito importantes", disse Marcelo esta quinta-feira à tarde, confirmando que "há reuniões no fim‑de‑semana [entre Governo e as esquerdas] e também reuniões partidárias".

"Continuo a desejar e a esperar que haja um entendimento, disse o Presidente aos jornalistas, acrescentando que não tem "tido contacto nenhum com partidos: dei toda a liberdade para os diálogos que são parlamentares e partidários". De resto, Marcelo nem quis comentar se, como quer Paulo Rangel, umas eleições antecipadas poderão ser apenas em Março, por causa das diretas do PSD: "Continuo a funcionar sobre o mesmo cenário", o de que o OE2022 pode passar, "pelo que não vou especular sobre outros".

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