Política

Jorge Moreira da Silva faz pressão sobre Rui Rio e admite querer papel no futuro próximo do PSD

Jorge Moreira da Silva faz pressão sobre Rui Rio e admite querer papel no futuro próximo do PSD
Foto Gonçalo Rosa da Silva

Em entrevista ao JN e TSF, antigo ministro de Passos Coelho diz que é preciso "clareza" na linha vermelha que separa PSD do Chega

Jorge Moreira da Silva continua a fazer pressão sobre Rui Rio. O antigo ministro de Pedro Passos Coelho, hoje na OCDE, continua a defender que o PSD não apresenta uma alternativa viável e que não precisa de “recomeçar”, mas sim “começar de novo”. Admite, até, que possa vir a ser ele próprio o rosto de uma alternativa, mas, em entrevista ao TSF e ao Jornal de Notícias, diz que nada está decidido.

“Essa é uma matéria sobre a qual terei de fazer a minha própria reflexão. Seria estranho que não o fizesse em função do percurso que fui realizando, das ideias que fui formulando e do diagnóstico, muito preocupante, que, ainda nesta entrevista, formulei. Mas essa é uma matéria que só no devido tempo poderei clarificar. Não quis confundir essa discussão com a mais importante que é sobre as ideias. Eu vivo bem sem a política”, declara Jorge Moreira da Silva.

“A seu tempo se falará do que eu e outros poderemos vir a fazer num futuro congresso ou eleições diretas do PSD”, continuou o também presidente do fórum de discussão Plataforma para o Crescimento Sustentável. Não é novo: já em 2019 dizia que avançaria para a liderança para refundar o partido, se este mostrasse essa vontade, mas não seguiu em frente, continuando na OCDE como diretor da cooperação para o desenvolvimento.

Na entrevista, divulgada este domingo, 25 de julho, o antigo governante com a pasta do Ambiente deixou uma mensagem a Rui Rio: “nunca meti férias da política”. Di-lo na mesma semana em que escreveu um texto de opinião no Diário de Notícias para que a sociedade e os partidos acordassem de um “longo sonambolismo” (“não podemos desperdiçar a janela de oportunidade que se abrirá com o debate do próximo Orçamento do Estado e com os processos de normal clarificação interna nos partidos da oposição”).

As eleições autárquicas são em setembro e o PSD, nas sondagens, tem sempre surgido distante do PS (ainda que Adão Silva, líder parlamentar social-democrata, fale em “grande dose de manipulação” nesses estudos). Mas o pensamento estratégico que considera ser necessário promover no partido não depende das autárquicas, segundo também o antigo líder da JSD. “Não vou fazer nenhuma avaliação antes do resultado das eleições autárquicas, mas não é nos resultados eleitorais que radica o problema da falta de alternativa. A discussão que estou a fazer neste momento é sobre a alternativa e isso é uma reflexão que tem estado muito ausente no plano interno, mas também externo”, continua ao JN e à TSF.

No próximo ano, o PSD terá eleições, seguido de congresso. Um dos problemas da atual liderança é um tema sobre o qual Moreira da Silva já por várias vezes falou: a ligação ao Chega. A postura não pode ser esperar, é preciso “a audácia de avançar de imediato com uma visão alternativa”. “Não acho que seja por acaso que a degradação do nível de apoio do PSD corresponda a um aumento de votação no Chega”, disse, acrescentando que “a falta de clareza na relação do PSD com esse partido também tem dado origem a um problema de erosão eleitoral”.

“Nunca, jamais em tempo algum o PSD deve coligar-se, entender-se, dialogar, negociar com um partido que é racista, xenófobo, extremista e radical. Essa é a minha linha vermelha”, repete.

Com essa linha vermelha, estancava-se perda de votos para o PS, acredita. “Esta clareza seria fundamental para que o eleitorado moderado considerasse que o PSD era um valor suficientemente seguro para não fazer o que o PS fez depois das eleições de 2015”, acrescenta Moreira da Silva, deixando o recado para o atual líder.

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