O primeiro-ministro está confiante no plano de vacinação contra a Covid-19 que está a ser desenhado e que será conhecido esta quinta-feira, e garante que tudo estará a postos quando houver vacinas. Mas até lá, e mesmo depois de começar a vacinação, haverá restrições até se conseguir uma imunização entre os 60% e os 70% da população. Os próximos tempos ainda serão difíceis, avisa, porque não há só Natal e passagem de ano, como um mês de janeiro e fevereiro, normalmente muito frios, quando há confluência com a gripe. Por isso, há decisões que vão ser conhecidas no próximo sábado até ao dia 6 ou 7 de Janeiro.
Na entrevista que deu esta manhã à Rádio Observador, o primeiro-ministro voltou a referir que o Natal "não vai ser normal", mas a ideia é ter "o máximo de pedagogia e o mínimo de regras", o que significa que em cima da mesa está a possibilidade de as pessoas poderem "deslocar-se" nos dias 24 e 25 de Dezembro, e que nos contactos familiares possam "encontrar-se em segurança evitando ao máximo os riscos de contágio". O primeiro-ministro espera que os especialistas possam dizer às pessoas "como podem ter um Natal o mais seguro possível".
Cenário diferente será o da passagem de ano: "Vai ter todas as restrições", disse o primeiro-ministro. "Não haverá seguramente festa de passagem do ano", acrescentou. Isto porque ainda se espera uma terceira vaga, em janeiro/fevereiro que pode pôr "maior pressão sobre os serviços de saúde".
Além da pandemia, a entrevista com os jornalistas do Observador passou ainda por outros temas como a relação à esquerda. E se até então tinha poupado o Bloco de Esquerda de críticas mais duras, nomeadamente omitindo o BE na questão do Novo Banco concentrando os ataques no PSD, no que respeita à posição do partido de Catarina Martins no Orçamento, não se conteve: O BE pensou, disse, "'não estamos disponíveis para sermos os únicos parceiros do governo, vamos viver momentos conturbados. Fiquem sozinhos com a vossa impopularidade. Vamo-nos pôr ao fresco', ora se bem pensou, melhor o fez e pôs-se ao fresco". Por isso afirmou, "não poupo nas palavras".
Para o primeiro-ministro ainda há caminho para fazer, mas há marcas que ficam. Referindo-se às sondagens, que dão o BE a cair, notou: "As pessoas não perdoam o oportunismo". E aqui aconselha um exame de consciência ao BE: "Se perceber a gravidade do erro político que cometeu...". As pessoas, frisou, não estão aí "nem paras ações de teatro nem manobras políticas como foi aquela votação a meias com o PSD".
Mesmo depois disto, haverá caminho? "Não é uma questão de perdoar ou não. Temos de seguir em frente", disse.
As marcas deixadas pelo BE são sobretudo relativas à posição do partido no Orçamento e não no Novo Banco. Aí, recaem todas as culpas para Rui Rio, que foi quem "mudou de posição". "O dr. Rui Rio com muita facilidade arruma os seus princípios", disse.
Mas se a votação do Novo Banco serve para o debate político, não serve para mais nada, acredita. "Foi uma bravata política que vai ser jurídica e financeiramente inconsequente", disse. Ao ponto de poder nem ser preciso um Orçamento Retificativo: "Não necessariamente", respondeu quando questionado se haverá retificativo. "Há margem quer na dotação provisional do Ministério das Finanças, quer no Fundo de Resolução. Se for decisão judicial impõe-se independentemente do orçamento", disse.
Em causa está o facto de o Governo admitir recorrer a tribunal para travar esta norma do Orçamento do Estado, uma intenção dada por João Leão, ministro das Finanças. Vários constitucionalistas consideraram que a medida posse ser inconstitucional.
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