Luís Marques Mendes classifica de "choque necessário" o recolher obrigatório decidido este sábado pelo Governo, mas critica severamente António Costa por ter "andado a dormir na forma". "A situação começa a ser dramática. Os hospitais estão à beira da ruptura. A pandemia está relativamente descontrolada", diagnosticou no seu habitual comentário na SIC, lembrando que "há semanas" que ele próprio diz "que as medidas tomadas eram insuficientes".
"Com esta lentidão ainda acabamos num confinamento geral", avisou, considerando "lamentável se assim tiver de ser". O que Mendes não percebe é "por que é que estas medidas só surgem agora? Por que é que não foram tomadas mais cedo? Por que é que o Governo andou a dormir na forma?", a partir do momento em que a situação piorou a olhos vistos a partir de outubro.
Na sua opinião, o anúncio de sucessivos pacotes de medidas em menos de duas semanas "dá uma ideia de desnorte, de falta de capacidade de antecipação, de falta de planeamento e até de liderança". E Marques Mendes espera que o mesmo não aconteça no que toca ao Natal.
"Claro que nós vamos ter Natal. Não é preciso salvá-lo porque ele não vai morrer", afirmou, mas "este ano vai ter que ser diferente" e o Governo "deve explicar aos portugueses, a tempo e horas", se no Natal "vamos ter limitações à circulação, como houve na Páscoa e no Dia de Finados? E que tipo de limitações? E durante quantos dias?". A tempo e horas, "para que as pessoas possam programar as suas vidas".
Rui Rio não mereceu críticas ao comentador por ter feito um acordo para o Governo dos Açores que conta com o apoio do Chega, mas Luís Marques Mendes, que já liderou o PSD, deixa um aviso. Embora se esteja perante "uma solução legítima e compreensível", que "o PS não tem autoridade" para criticar "porque fez o mesmo em 2015 quando Costa fez a geringonça", há riscos para os sociais-democratas a nível nacional.
"A percepção de que o PSD normalizou o Chega e que pode repetir esta solução no plano nacional, se não for desmontada, pode afastar o PSD dos eleitores moderados do centro, vitais para ganhar eleições", afirmou. Com um conselho/aviso para Rui Rio: "o Chega acrescenta votos no Parlamento. Mas pode tirar votos e credibilidade no país".
Sem puxar muito pelo tema das presidenciais, o comentador apenas sublinhou que António Costa não quis apoiar nenhum candidato para "evitar ser um derrotado". Assim, depois do episódio da AutoEuropa em que sinalizou confiar na reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa, "Costa será um dos vencedores da noite eleitoral".
A eleição de Joe Biden como Presidente dos EUA foi saudada pelo comentador, que considerou "uma questão de tempo até Trump ser obrigado a sair".
Com Biden, Mendes antevê "uma continuidade da política externa americana, com duas nuances importantes: a tensão com a China vai continuar, embora com um discurso mais diplomático (muda a forma, não a estratégia); e a relação com a Rússia vai passar a ser mais firme e mais confrontacional".
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