A pressão é para continuar, pelo menos até à votação do Orçamento do Estado na generalidade. Foi esta a conclusão de um encontro da Comissão Política do Bloco de Esquerda, que se durante a noite desta terça-feira para avaliar como corre o processo orçamental, dias depois de Catarina Martins ter deixado uma espécie de ultimato ao primeiro-ministro.
A posição final do Bloco só ficará fechada no próximo encontro da sua Mesa Nacional, que ficou convocada para 25 de outubro, três dias depois da votação na generalidade. Mas as linhas que o partido deve seguir até lá ficaram definidas neste encontro, e são claras: os bloquistas não estão satisfeitos com a proposta de Orçamento que o Governo apresentou esta semana e a pressão vai-se manter.
Até agora, explica a nota que o partido usou para divulgar as conclusões da reunião de duas horas, as negociações com o Governo "não foram, infelizmente, bem sucedidas": as "preocupações essenciais" do Bloco - leia-se a nova prestação social, a solução para o Novo Banco, as contratações para o SNS e o combate ao desemprego - "não têm resposta" no documento.
E há uma explicação adicional que ajuda a justificar, como dizia esta terça-feira Mariana Mortágua, "a exigência" do partido: é que este Orçamento "não é comparável" aos anteriores. A crise que vem aí é "das maiores que já conhecemos" e por isso mesmo o partido quer garantir que não ficam inscritas no documento "medidas meramente simbólicas ou anúncios sem real repercussão", sob pena de viabilizar um Orçamento - e um Governo - e ficar depois amarrado a propostas sem efeito prático ou de "propaganda".
O Bloco continua assim disponível para negociar, mas sem abdicar de nenhuma das suas linhas vermelhas. Era essa a indicação que Catarina Martins dava esta segunda-feira, em entrevista à Antena 1, quando colocou o voto contra em cima da mesa - uma declaração que logo levou a que o Governo contactasse o partido para voltarem a conversar. Mas, se nada de substancial mudar, será essa a opção do Bloco.
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