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“Nem favor, nem desfavor”. Costa garante que Isabel dos Santos era tratada em Portugal como qualquer outra empresária

“Nem favor, nem desfavor”. Costa garante que Isabel dos Santos era tratada em Portugal como qualquer outra empresária
CHRISTIAN HARTMANN / POOL

Primeiro-ministro não quis comentar em concreto a investigação Luanda Leaks e apenas garantiu a colaboração das entidades judiciais e regulatórias portuguesas com as homólogas angolanas

“Nem favor, nem desfavor”. Costa garante que Isabel dos Santos era tratada em Portugal como qualquer outra empresária

João Pedro Barros

Editor Online

António Costa pronunciou-se esta quarta-feira, pela primeira vez, sobre o escândalo Luanda Leaks, que tem como personagem principal Isabel dos Santos. Questionado pelos jornalistas sobre um eventual tratamento preferencial à empresária, negou-o veemente: “Nem especial, nem de favor, nem de desfavor. Tratamos as pessoas todas por igual”.

Sobre as críticas do Bloco de Esquerda, que acusa PS e PSD de serem “cúmplices” da empresária, Costa respondeu que o partido "deve seguramente desconhecer os factos" e convidou a coordenadora bloquista Catarina Martins a ligar ou visitar o seu gabinete se "quiser conhecer algum facto" sobre a sua atuação.

Quanto ao resto, o primeiro-ministro fez poucos comentários, garantindo apenas a colaboração das entidades nacionais nas investigações em curso em Angola. “Há uma regra fundamental: colaborar com todos os outros estados nas investigações criminais. Não tenho dúvidas de que será prestada toda a colaboração pelas autoridades judiciais e regulatórias”, comentou, à margem de uma visita à empresa Hovione, em Loures.

Para além disto, Costa não passou: “Não faço comentários sobre investigações judiciais em Portugal, quanto mais noutro país”. E repetiu um mantra de há muitos anos, "à justiça o que é da justiça, à política o que é da política".

Em relação a uma eventual contaminação das atividades das empresas nacionais em que Isabel dos Santos tem participações, o chefe de Governo acredita que saberão fazer uma distinção "entre o que são os capitais e os recursos dos seus acionistas" - o Luanda Leaks "não deve contaminar estas empresas, se tiverem boas práticas de gestão".

"Cumpre-lhes colaborar com o que lhes compete nas investigações das autoridades judiciais, mas que as empresas mantenham a sua atividade, que é fundamental para a atividade económica nacional", sublinhou. A Efacec, uma empresa industrial "de monta", mereceu um comentário especial.

Costa recusa hipótese de "novo irritante"

Para separar águas e reforçar o que julga ser a imparcialidade do seu Governo, António Costa lembrou o caso BPI, resolvido em 2016: "Procedemos a uma alteração legislativa, muito criticada por alguns, que permitiu assegurar a desblindagem estatutária de um banco muito relevante em Portugal. O Governo agiu como devia". Isabel dos Santos acabou por vender a sua participação.

Por outro lado, as entidades regulatórias sempre agiram com liberdade, assegura. "Há um comunicado público do Banco de Portugal, sinalizando há cerca de quatro anos a decisão de não reconhecer a idoneidade de algumas pessoas referidas nesta investigação".

Pode haver um novo "irritante" nas relações entre Portugal e Angola, questionaram os jornalistas, numa alusão à acusação do Ministério Público sobre o ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente. "Achamos normal que Angola proceda às investigações que entende e a nos compete-nos colaborar", concluiu.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jpbarros@expresso.impresa.pt

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