Política

Acusado de falta de ética, Montenegro promete um PSD com “vocação maioritária”

Acusado de falta de ética, Montenegro promete um PSD com “vocação maioritária”
TIAGO PETINGA/Lusa

O ex-líder parlamentar enfrentou a resistência de alguns jotinhas, recusou críticas de falta de ética e assegurou que, com ele, o partido vai lutar para ganhar todas as eleições

Sem paninhos quentes. Luís Montenegro teceu duras críticas à forma como Rui Rio tem conduzido o PSD, uma “estratégia suicida”, que nega a “grandeza” do partido, convidando os que discordam a “abandonar o PSD”, que condena o partido a ser um “subalterno do PS” e a ser uma “oposição pífia”. Em resposta direta ao líder do PSD, Montenegro garantiu que não fará uma “oposição troglodita”, mas sim “firme, séria e forte”.

No Fundão, onde decorre o II Congresso da Coesão Territorial organizado pela JSD, Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz fizeram intervenções à vez sobre os projetos que defendem para o país. E o último a ir a jogo foi o antigo líder parlamentar. Perante os militantes, Montenegro defendeu que o partido atravessa uma situação “grave” e única na história do PSD, sem maioria nas freguesias, autarquias, Parlamento ou Parlamento Europeu, que só será reversível com uma nova liderança.

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No entanto, Luís Montenegro acabou por enfrentar um público hostil, com quase todos jovens que decidiram intervir na parte reservada a perguntas e respostas a questionarem a ética (ou falta dela) do ex-líder parlamentar. Em resposta a acusações de falta de lealdade ao partido, e mesmo admitindo que houve “alguns exageros” por parte da oposição interna a Rui Rio, Montenegro garantiu não ter tido qualquer intervenção direta nessa resistência e justificou o desafio que fez ao líder em janeiro como um imperativo de consciência.

“Não aceito qualquer acusação de falta de ética.Não me escondi atrás de nada, não fiz qualquer golpe. Disse o que pensava e não fui hipócrita. Não podia esperar o descalabro e ficar no sofá a assistir”, defendeu-se o ex-líder parlamentar. Resta saber se o movimento anti-Montenegro foi genuíno ou organizado pelos fiéis a Rio.

Antes, Montenegro defendeu que o PSD deve ter “vocação maioritária” para poder mudar o país e prometeu um partido a entrar em todas as eleições para ganhar. Muito focado em apelar à unidade do partido, Montenegro garantiu que juntará todos quando ganhar. “Não convidarei ninguém a sair do partido”, assegurou o antigo líder parlamentar, antes de lançar uma nova provocação aos adversários. “Vou aproveitar várias pessoas que apoiam Rui Rio e que apoiam Pinto Luz. E tenho na minha cabeça quem podem ser ser. E, se calhar, elas também”.

Montenegro até introduziu uma novidade: vai manter o Conselho Nacional Estratégico criado por Rui Rio. “É bom que haja discussões setoriais do PSD. O princípio é bom, sabermos que quem são os nossos especialistas”, reconheceu.

PSD tem de chumbar Orçamento, diz Montenegro

Tal como o Expresso antecipou na edição deste sábado, Montenegro acredita que Rio tem obrigação de chumbar o diploma do Governo. “Vamos ser sérios: alguém acredita que o PSD vai votar a favor do Orçamento do Estado? Estão à espera de quê? Mas vivem em que mundo?”, questionou.

A título de exemplo, Montenegro criticou a hipótese de avançar com o englobamento de rendimentos que o Governo pode estar a estudar, que vai provocar, em muitos casos, um “aumento real dos impostos”, “dificultar o acesso ao mercado de arrendamento” e prejudicar os índices de poupança.

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