Os críticos de Rui Rio já têm as assinaturas suficientes para obrigar à convocação de um Conselho Nacional extraordinário com vista à destituição da atual direção. O mínimo necessário para desencadear este mecanismo seriam 33 assinaturas, e esse número já foi alcançado, apurou o Expresso junto de um dos promotores deste movimento, que inclui vários dirigentes distritais. "Não foi difícil", diz a mesma fonte, vendo neste facto um sintoma do desencanto do PSD com a direção de Rui Rio.
Em simultâneo, Luís Montenegro está a ultimar o anúncio de que está disponível para ser já candidato à liderança. O ex-líder parlamentar anunciou na quarta-feira que "em breve" fará uma declaração sobre o estado e o futuro do partido, e será nessa declaração que se manifestará disponível para assumir uma alternativa a Rui Rio. A questão é saber se Rio aceitará o repto e marcará diretas, para tirar tudo a limpo, ou se será necessário forçar esse processo.
Nos últimos meses, Montenegro foi muito pressionado por deputados, dirigentes distritais, concelhios e autarcas, para avançar contra Rio, tendo em conta a degradação da situação do PSD, de que as sondagens têm sido um dos indicadores mais alarmantes. Porém, o antigo líder parlamentar resistiu a essas pressões, defendendo que Rio devia cumprir o mandato e ir a votos nas legislativas. Fez, de resto, declarações nesse sentido - disse ao Expresso em outubro que "Rio tem o direito a disputar as legislativas" e desautorizou as movimentações que já nessa altura aconteciam no sentido de precipitar a queda do presidente do partido. "Não concordo, não patrocino e não me condiciono por iniciativas que visem destituir o líder do PSD intempestivamente. O PSD precisa de bom senso e maturidade. O nosso adversário é o PS, António Costa e o imobilismo deste Governo amarrado à esquerda radical", disse então Montenegro. E acrescentou um aviso aos setores críticos: "Da mesma maneira que já disse que não pedirei licença a ninguém [para ser candidato à liderança], também digo que não avançarei para nada empurrado por ninguém."
Contudo, o desempenho de Rio desde então, a contínua queda nas sondagens e a degradação do ambiente dentro do partido, instalando-se a convicção de que as eleições de 2019 serão uma catástrofe, acabaram por o fazer reconsiderar. As declarações de Manuela Ferreira Leite admitindo que é melhor o PSD ter um "pior resultado" do ficar com o rótulo de partido de direita foram a gota de água. Montenegro avança mesmo. E se Rio não tomar a iniciativa de clarificar a situação, marcado diretas e congresso, os críticos garantem que já têm a "bomba atómica".
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: FSCosta@expresso.impresa.pt