À volta da igreja dos Anjos, em Arroios, cresceu no último ano um condomínio de lona, 13 tendas T0, geminadas, assentes em paletes de madeira, algumas impermeabilizadas à força de película transparente de cozinha. São morada de quem não a tem, casa de quem a perdeu. O número de moradores vai variando, mas nunca para baixo. Tem sido sempre em subida acentuada, ali como no resto da cidade e do país. Os números oficiais mais recentes apontam para 10.773 pessoas sem-abrigo em Portugal, o que representa um aumento de 78% em quatro anos. Em 2018 eram 6044.
O crescimento, porém, pode ser ainda mais expressivo, já que a contabilidade oficial reporta a 31 de dezembro de 2022, e os últimos meses — assegura quem trabalha ou vive na rua — foram de subida exponencial. “O número aumentou bastante e foi transversal, de portugueses a estrangeiros, de jovens a idosos. Só este ano registamos mais cerca de 25%, essencialmente devido ao agravamento das condições de vida, à imigração e ao aumento do consumo de droga”, assegura Renata Alves, diretora-geral da Comunidade Vida e Paz, instituição de solidariedade que distribui 550 refeições todos os dias a quem não tem casa.
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