Episódio extra: afinal, que espera a China conseguir na frente diplomática da guerra?
A China não apresentou apenas ideias para alcançar a paz na Ucrânia. Xi Jinping até já partilhou uma visão muito mais abrangente para a “segurança global”, que Raquel Vaz Pinto considera importante, neste episódio especial. Durante o mês de fevereiro, a atividade da diplomacia chinesa nada menos foi do que frenética. A longo prazo, quais são os objetivos de tanto investimento numa guerra de que Pequim podia ter escolhido manter-se à margem, como têm feito tantos outros países de África, Ásia ou América do Sul?
Dois dias antes de a guerra fazer um ano, surgiu uma imagem na comunicação social que mostra o Presidente da Rússia reunido com o principal diplomata chinês, Wang Yi. Desta vez Vladimir Putin não está do outro lado de uma longuíssima mesa, mas à distância de um aperto de mão. A China não pode ostracizar o Ocidente, com o qual mantém uma relação comercial infinitamente mais vantajosa do que com a Rússia. Ao mesmo tempo, Pequim e Moscovo sabem que Washington é a principal ameaça às suas ambições globais e regimes políticos.
Não sendo possível afirmar com segurança que a China vá fornecer armas à Rússia, já é possível descodificar alguns dos objetivos de Xi, imensamente reforçado ao leme do Partido Comunista e, assim, dos desígnios do país, em toda a atividade diplomática que tem fomentado no que diz respeito à resolução da guerra da Ucrânia. O ditador chinês mantém os seus mais competentes diplomatas numa luta constante para convencer o mundo que a China detém a chave para a resolução de conflitos, e que ninguém tem nada a ganhar em se lhe opor.
Para falar sobre estas manobras a caminho de uma posição de força que só tenderá a reforçar-se, são convidadas deste episódio Raquel Vaz Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa, onde também é professora de Estudos Asiáticos, e Salomé Fernandes, jornalista da secção de Internacional, que acompanha de perto as políticas da China, para fora e para dentro.
A condução do episódio é feita por Ana França, também jornalista da secção de Internacional, cabendo a João Luís Amorim e João Martins a edição técnica. O Mundo a Seus Pés é um programa semanal da editoria internacional do Expresso. A condução dos episódios é rotativa entre Cristina Peres, Pedro Cordeiro, Manuela Goucha Soares e Ana França.
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