1980: o ano da morte de Francisco Sá Carneiro e a análise de José Miguel Júdice e Miguel Pinheiro
43 anos depois da sua trágica morte, o fundador do PPD/PSD continua a ser, para muitos, uma espécie de modelo para o D.Sebastião que os portugueses nunca deixaram de aguardar. A eurodeputada Maria da Graça Carvalho, o comentador José Miguel Júdice e o jornalista Miguel Pinheiro conversam sobre quem foi este homem e porque é que as suas características pessoais e os sonhos que deixou por cumprir continuam a pesar tanto sobre os seus sucessores
1980 é também o ano em que Francisco Pinto Balsemão deixa a direção do Expresso, assumida interinamente por Marcelo Rebelo de Sousa. Balsemão era agora ministro-adjunto do primeiro-ministro e política e jornalismo tornavam-se inconciliáveis. O VI Governo Constitucional, chefiado por Sá Carneiro, toma posse em ambiente de luto nacional: o mais violento terramoto registado nos últimos 200 anos em Portugal, atingira os Açores no dia de Ano Novo, matando 73 pessoas, ferindo mais de 400 e deixando quase 30 mil desalojadas. Lá fora, a invasão do Afeganistão pela Rússia, nos últimos dias de 1979, continua a produzir réplicas. Os EUA e 65 aliados boicotam os Jogos Olímpicos de Moscovo. Portugal não foi um deles. As eleições de dezembro de 1979 tinham dado à AD a primeira maioria absoluta da história portuguesa. Mas, por imperativo constitucional, o país volta às urnas, menos de um ano depois, em outubro, e novamente (e por maior percentagem de votos), dá a maioria absoluta à AD. A 7 de dezembro, novas eleições, agora presidenciais. Sá Carneiro empenha-se a fundo na campanha: queria, além de Um Governo e de Uma Maioria, também um Presidente. A 4 de dezembro, a avioneta em que viajava rumo ao Porto, para participar no último comício da campanha do general Soares Carneiro, despenha-se em Camarate, escassos segundos após levantar voo. Acidente ou atentado? Ainda hoje não há certezas absolutas. O que se sabe é que Camarate não alterou o rumo já adivinhado para as eleições: Ramalho Eanes foi reeleito à primeira volta. No dia seguinte, segunda-feira 8, em Nova Iorque, o ex-Beatle, ativista pacifista e genial cantautor, John Lennon, era assassinado à porta de casa com 4 tiros de pistola. Tinha 40 anos.
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