Humor à Primeira Vista

Humor à Primeira Vista #38: Luísa Barbosa. Tudo sobre o novo Lisboa Comedy Club

Portugal volta a ter um comedy club onde a comédia é a prioridade e com abertura prevista assim que a pandemia o permita na Avenida Duque de Loulé, em Lisboa. Cinco anos depois, o Lisboa Comedy Club mantém o nome do seu antecessor, mas muda tudo. Luísa Barbosa e Catarina Moreira vão ser as anfitriãs deste lugar onde todos os pormenores foram pensados para privilegiar a stand-up comedy. Ao podcast de humor do Expresso, Luísa revela os detalhes da preparação e de como vai funcionar o novo Lisboa Comedy Club
João Pedro Morais

Em relação ao antigo Lisboa Comedy Club, o que se mantém é apenas o nome?
Exatamente, é apenas o nome e uma parede. Salvou-se uma parede que tinha todos os posters de espetáculos. É um bocadinho para homenagear esse outro Lisboa Comedy Club. Acima de tudo queremos mostrar que é um espaço dedicado à comédia. No sentido em que normalmente há espaços que têm noites de comédia, mas não é o foco. Têm noites de comédia, da mesma maneira que podem ter noites de música ao vivo, ou karaoke. Aqui não. A ideia é ser um espaço de comédia… e sim, também servimos hambúrgueres e outro tipo de bar food, porque a ideia também é democratizar o acesso a boa comédia e, portanto, para já o plano é não pagar entrada. Só para os espetáculos no piso de baixo.

Já lá vamos. Queria só contextualizar primeiro a questão do antigo Lisboa Comedy Club, que existiu na mesma rua onde este irá abrir. Esteve aberto cerca de um ano, entre 2014 e 2015. Nunca visitei o espaço, mas informei-me junto de pessoas que andaram por lá, para perceber o que correu mal na altura. Segundo estes testemunhos, o espaço era imperfeito, mas funcionou durante alguns meses; o atendimento era mau e não ajudava à comédia; havia salários e pagamentos em atraso e havia exagero nos consumíveis de borla. O que é que foi feito para que o correu mal no antigo espaço não se volte a repetir?
Boa questão. Será mais para a parte de quem está a montar o espaço. Deixa-me clarificar: fui chamada para o projeto um bocado para o lançamento e para depois gerir a parte da agenda do stand-up. Queremos mostrar às pessoas que a comédia é o que interessa. Isto não vai pender mais para a agência A ou agência B. Queremos mesmo passar a imagem e a mensagem de que o objetivo é que isto seja O comedy club. Um espaço seguro, dos comediantes, onde a malta, mesmo que não esteja a fazer stand-up, vai lá porque quer ver stand-up, porque quer estar com os colegas. Isto é muito uma cena de tribo entre os humoristas. Relativamente à questão, quer-se que este espaço seja gerido de uma forma responsável como qualquer espaço comercial deve ser. Também há esse lado e é isso que vai manter as portas abertas. O que queremos é criar ali um espaço para a noite lisboeta, para quem gosta de comédia.

Foi anunciado este novo espaço numa entrevista que deste ao Maluco Beleza. Há um momento em que dizes: "Tudo foi pensado para priorizar a comédia". Deste o exemplo da finger food, comida que evita tanta confusão a servir à mesa, barulho com talheres. Consegues dar outros exemplos do que é este "tudo" que está pensado para priorizar a comédia?
A ideia é: o comediante sobe a palco, as luzes baixam durante o set e quando o comediante sai voltam a um nível mais normal. E isto acontece porque haverá sets de comediantes intercalados. Não será, imagina: a partir das dez temos uma sequência de comediante, MC (uma espécie de apresentador da noite), comediante, MC, comediante, MC. A ideia neste momento é que, pelo menos até determinada hora, que existam alguns mini-breaks que permitam às pessoas, se quiserem, ir à casa de banho e voltarem para a mesa, sem incomodar a parte de espetáculo. É uma das coisas, por exemplo, que pode fazer a diferença para quem está a atuar.

Achas que o facto de existir um investidor anónimo pode afetar a recetividade dos comediantes em ir atuar lá?
Não, acho que não. O que nós estamos a lançar é um espaço que, para já, a ideia é tu vais lá, não pagas entrada e vais ter sempre espetáculo. Quer consumas uma garrafa de água, quer vás lá jantar e tudo mais. Como é óbvio tem de haver um negócio que suporte isto. Do que eu sei, este investidor mistério é mais do ramo da restauração. E claro, teve todo o interesse em abrir um espaço que se distingue, que seja diferente, mas tem de haver uma base, um suporte financeiro. E mesmo do feedback de malta que tem ido conhecer o espaço, e falado com o Nelson, isso não tem sido uma...

É uma "não questão"?
Sim, não sinto que esteja a ser neste momento uma questão. Não estou a dizer que seja assim para toda a gente. Com quem tenho falado, ninguém refere isso.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: humoraprimeiravista.podcast@gmail.com

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