Começaste no humor através do stand-up comedy, mais ou menos há dez anos, apesar de atualmente já não fazeres. Confessaste, mais recentemente, que não gostavas muito do que fazias na altura. Revisitando, lembras-te de alguma coisa com a qual ainda te identifiques ou há uma divergência total?
Não, claro que não, aceito-me tal e qual como era (risos). Que remédio. Há algum conteúdo que acho interessante... sei lá, sobre religião. Tinha um sobre o presépio que era aquele de que mais gostava. Deixei de fazer stand-up, mas é aquela coisa em que penso sempre: "Se calhar vou voltar a fazer". Por acaso o ano passado experimentei fazer uma ou duas vezes e fiquei a achar que tinha de trabalhar mais nisto. O que me faz sempre confusão é a entrega em palco. Tenho muito medo. Acho que é das piores coisas que se pode fazer.
Em 2019, depois da tua participação no Roast "Morrer a Rir", disseste que ganhaste vontade de voltar a fazer stand-up. Sei que depois atuaste no Maxime Comedy Club. Voltaste a atuar desde então ou essa foi a tua última vez?
Sim, uma vez, no Zebras, em Campo de Ourique, na Padaria do Povo.
Nessas duas atuações não te sentiste bem?
Não. Odiei. Foi horrível, nem sei.
Mas o feedback que tiveste é que o texto era bom.
Sim, porra, como é que tu sabes? Sim, pode parecer um bocado arrogante, mas uma pessoa tem noção. Felizmente tenho noção de quando sou má e de quando sou boa. Quer dizer, de quando sou boa tenho... bem... eu parto sempre do princípio de que há coisas que deveria melhorar e sou muito crítica - isso não ajuda, acho eu.
Em que coisas é que achas que és muito crítica?
Em tudo, nem te sei explicar. Sou exigente, sou crítica em relação ao texto, por exemplo.
Ou seja, se outras pessoas te disserem que gostaram muito do teu texto, mesmo assim achas que não gostaste muito?
Fico sempre mais com a minha impressão, às vezes ajuda o feedback do meu namorado, o Pedro [Durão, que faz stand-up]. Isto para dizer que tenho noção se correu bem ou mal e onde é que deveria melhorar, só que implica um esforço tão grande ter de voltar ao texto. Depois tenho sempre aquela coisa de: "vou desistir deste material, vou fazer tudo completamente novo". Aborreço-me das coisas. Sinto-me envergonhada, a pensar que alguém já ouviu. Isso faz com que nunca trabalhe nada até ao fim no que diz respeito ao stand-up.
Hoje falamos da Fortune Feimster, uma humorista americana. Porque é que escolheste falar dela?
Só a conheci no ano passado, com o espetáculo a solo "Sweet and Salty", e gostei muito da forma como ela explicou a sua vida quase do início ao fim através do stand-up. Gostei da história. Mesmo quem não passou por aquilo que ela passou percebe-a, porque fala sobre as expetativas que os teus pais fazem em relação a ti e sobre aquilo que tu és realmente.
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