Jwana Godinho: “As mulheres têm um tipo de acesso ao empreendedorismo social que não têm no empreendedorismo tradicional”
Jwana Godinho, fundadora da Access Lab, uma empresa que trabalha o acesso de pessoas com deficiência e surdas à cultura e ao entretenimento enquanto direito humano fundamental, é a convidada do episódio desta semana do podcast As Mulheres Não Existem
Nasceu no Canadá e veio para Portugal com dois meses, daí o seu nome ter um “W”. Seria mais fácil de pronunciar para a família canadiana, mas “não funciona em lado nenhum”, observa com graça. Com uma longa experiência na área de produção de espectáculos, Jwana Godinho trabalhou na indústria discográfica em Lisboa e em Londres e, a dada altura, começou a interessar-se pela área do impacto social, nomeadamente no público com problemas de mobilidade e com deficiência. “Não é por se ter um bom coração que se fazem as coisas bem”, afirma. O curso de Gestão foi útil para o seu trabalho, sobretudo no momento em decidiu, juntamente com Tiago Fortuna, a criar a Access Lab, uma empresa que apresenta soluções para as pessoas com deficiência poderem desfrutar da experiência de assistir a um espectáculo ao vivo.
José Fernandes
“Há poucas pessoas com deficiência que vão a espectáculos”, e por isso colocava-se a dúvida se haveria espaço para uma empresa com a que criou. Mas depressa se percebeu que era um público que não ia porque não tinha maneira de o fazer. Observa que, ainda hoje “falta informação nos sites das empresas sobre como chegar ao local”, e até há pouco tempo não existia o bilhete de acompanhante, algo simples em que ninguém parecia ter pensado. Diz que sempre foi “muito feliz a trabalhar na área de produção de espectáculos” e depois de falar com entusiasmo sobre o trabalho que desenvolve afirma, com um sorriso que o comprova: “não podia estar mais feliz”.
José Fernandes
Sobre o empreendedorismo no feminino, observa que há muitas mulheres com “startups” na área social e que são “óptimas”, apesar de muitas vezes se olhar para elas com paternalismo, como pessoas “naturalmente” benfeitoras. Mas a realidade é que a área de impacto social e inclusão é uma oportunidade de melhorar a vida das pessoas, com toda a felicidade que esse trabalho por si só implica, e também de negócio e criação de riqueza para os países. Diríamos que Jwana Godinho vive no melhor de dois mundos.
José Fernandes
Falámos ainda sobre Ellen Johnson Sirleaf, a primeira mulher a ser eleita democraticamente na Libéria. A gravação deste episódio aconteceu no momento em que Catarina Martins anunciava que não se iria recandidatar à liderança do Bloco de Esquerda e por isso comentámos a sua decisão. Recomendámos, por fim, duas canções: “Love Me More”, de Mitski, e “Flowers”, de Miley Cyrus.
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