Menos chuva, associada ao aumento das temperaturas e a maior evaporação de água projetam situações de seca mais frequentes e prolongadas no tempo. No 47.º aniversário do Expresso, a Revista dedica uma edição especial à década que aí vem — e com uma versão áudio
Imaginar o Sul de Portugal transformado numa espécie de deserto do Sara parece uma miragem, mas sem água ao fundo. Este aparente delírio não será uma realidade no fim da década que agora começa. Porém, o cenário de desertificação que se vai estender pelo Sul e pelo interior do país faz parte de um filme projetado mais para o final deste século. No contexto das alterações climáticas, “a tendência é a aridez do Norte de África subir para a Península Ibérica”, assevera o geofísico Filipe Duarte Santos. Segundo o presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), “a resiliência do país às secas e à desertificação do solo vai depender muito do modelo económico e demográfico que se traçar nos próximos anos”. E, por isso, a imagem do deserto “continua a ser uma hipótese”.
Sabe-se que a região mediterrânica tem estado a aquecer 20% mais rapidamente que o resto do mundo, indica um estudo recente da União para o Mediterrâneo. E que, tendo em conta as políticas globais em curso, as temperaturas podem subir em média 2,2 graus Celsius (°C) já em 2040 (por comparação às da época pré-industrial). Isto é, acima dos limites de 1,5°C ambicionados pelo Acordo de Paris até ao final do século. A Terra está a aquecer e os decisores políticos mundiais pouco estão a fazer para travar a subida dos termómetros, como se viu na última Conferência do Clima (COP25), realizada em Madrid. Os últimos cinco anos foram os mais quentes registados no planeta e a tendência está longe de decrescer, com eventos extremos, como secas e escassez de água, a projetarem-se no horizonte.
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