É uma das vozes mais surpreendentes e aplaudidas da nova música portuguesa. Ana Lua Caiano junta tradição e modernidade, eletrónica e adufe, no seu entusiasmante primeiro álbum “Vou Ficar no Meu Quadrado”, lançado em março deste ano e que tem empolgado a crítica nacional e internacional.
Tudo parece estar a acontecer muito rápido com Ana Lua. Chegou de súbito como um cometa a rasgar o horizonte e parece certo que veio para ficar com a sua vibrante nova tradição. Depois dos EPs “Cheguei Tarde a Ontem” e “Se Dançar É Só Depois”, este seu disco de estreia, em jeito de “folktrónica”, forjado durante a pandemia, tem letras muito bem cozinhadas, certeiras, como armas contra a inação e o medo, e Ana Lua contagia pela sua voz poderosa que nos convida a abanar o corpo a cada verso, a cada batida, a cada respiração, a cada canção, a cada emoção.
Ana Lua é múltipla em cada um dos seus temas e desdobra-se em várias vozes, “beats” e instrumentos numa espécie de “one woman show”. Junto com as suas criações musicais, importa destacar as suas atuações e videoclipes que são um acontecimento. Ela soa a futuro e a mundo, sem nunca perder de vista as sonoridades do passado e os sons do quotidiano e destes tempos.
Curiosamente, muito do que ouvimos e vemos nos vídeos da Ana Lua Caiano foi criado entre quatro paredes com a irmã, a realizadora Joana Caiano: Enquanto Ana criava música, Joana assinava os vídeos, que são também objetos de arte cheios de rasgo.
E assim, enquanto o bicho andava por aí, Ana Lua Caiano transbordou do seu quadrado e criou um grande disco que anda a ser tocado por muitos palcos do país e do mundo, da Coreia do Sul até Espanha, França, Luxemburgo e Países Baixos. Como reage o público estrangeiro à sua música, quando não percebe português? Ana Lua responde neste podcast.
“Mão na mão” é a sua canção mais popular que anda de boca em boca. A tocar em modo “repeat” nas rádios e em todo o lado e que nos leva a mexer os pés.
Há quem diga que a voz de Ana Lua Caiano tem a tristeza e a densidade do fado, porque as suas letras são algo dramáticas. De onde vem essa tristeza, esse rio melancólico e bagagem dramática, sendo Ana Lua tão jovem, com apenas 24 anos? Ana Lua abre o jogo neste mesmo podcast.
Apesar da sua juventude, o seu caminho já é longo na música. Aos 6 anos aprendeu a tocar piano, aos 14 começou a compor e foi vocalista de algumas bandas.
Formada pelo Hot Club, Ana Lua entusiasmou-se muito cedo pelos cantores de abril como Zeca Afonso, Sérgio Godinho ou Fausto.
E tem como grandes referências internacionais Bjork, Laurie Anderson, Portishead ou Chico Buarque.
Este ano tem sido uma vertigem para Ana Lua. Sempre em trânsito entre concertos, na edição deste ano dos prémios Play, Ana Lua Caiano foi um dos 4 nomes finalistas para o prémio “Artista Revelação”. E, no Festival da Canção, cantou uma versão de “Que o Amor Não Me Engana” de Zeca Afonso, que foi uma maravilha, e já há apostas e pedidos entre os fãs do festival para que Ana Lua Caiano concorra ao festival.
Curioso é saber também que Ana Lua Caiano se considera uma jovem tímida, que quando cantava em bandas se sentia desconfortável no palco entre as canções e agora é uma pequena grande gigante a enfrentar sozinha multidões, cheia de atitude, de nervo e de raça. Como Ana Lua forjou esse lado de animal de palco? Que força é essa, amiga Ana Lua?
E já agora - como dizem os brasileiros - quem é atualmente Ana Lua Caiano na fila do pão? E o que mais a move a fazer música? Estas são algumas das questões que lhe são lançadas neste episódio.
Nos 50 anos da celebração do 25 de abril que revoluções ainda faltam fazer para si, que faz parte da geração que tem como pais os filhos da revolução?
Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de José Fernandes. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.
A segunda parte deste episódio será lançada na manhã deste sábado. Boas escutas!
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