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Opinião

Sobre a extinção da Ciência da FCT, ou a ignorância mata

Orfeu Bertolami (Professor Catedrático FC-UP), Jorge Drumond Silva (Professor Associado IST-UL), Pedro Ferreira dos Santos (Professor Associado IST-UL), Carlos Florentino (Professor Catedrático FC-UL), Guilherme Milhano (Professor Associado IST-UL), Ricardo Schiappa (Professor Catedrático IST-UL) e Patrícia Serrano Gonçalves (Professora Catedrática IST-UL)

Que mais de 80 anos após Flexner e Bush seja ainda necessário recordar coisas tão elementares sobre gestão e financiamento de Ciência, Tecnologia, e Inovação, é completamente anacrónico. Tal como na obra de George Orwell vimos de afastada Bola-de-Neve a governados por Napoleão, e só nos resta a insurgência contra este xeque à Ciência Fundamental

Abraham Flexner, fundador do Instituto de Estudos Avançados (IAS) em Princeton, recorda em “The Usefulness of Useless Knowledge” (1939) a sua conversa com George Eastman sobre quem teria sido o mais útil trabalhador científico no mundo, tendo Eastman respondido “Marconi” pela invenção da rádio. O principal ponto de Flexner (e também por detrás da criação do IAS, uma das principais instituições mundiais em investigação fundamental nas ciências e nas humanidades) seria de que a contribuição de Guglielmo Marconi na construção da rádio tinha sido “praticamente negligenciável” sendo esta apenas a concretização de uma inevitabilidade: aquela do trabalho em ciência fundamental de James Clerk Maxwell que, um ano antes do nascimento de Marconi, publicou as equações do eletromagnetismo. A partir desse momento, a rádio não foi mais do que uma inevitabilidade à espera de acontecer.

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