De facto, o que havia para festejar de quase ano e meio de governação? Porque era o Pontal tão imprescindível?
É difícil de entender que, com tão imprescindíveis consultores de imagem e assessorias de imprensa, ninguém tenha explicado ao Governo que fazer uma festa pública no calçadão de Quarteira para celebrar os seus feitos, enquanto metade do país ardia furiosamente há dias e milhares de civis e de bombeiros lutavam pelas suas casas e as suas aldeias e com as festas tradicionais canceladas, era… brincar com o fogo. Ver ministros a dançar num lado dos ecrãs e labaredas descontroladas a devorar floresta no outro foi coisa para revoltar qualquer português de bom senso e ficar na memória colectiva durante muito tempo. Não, ao contrário do que reclamou Montenegro, a culpa não era do mensageiro, era mesmo da mensagem. O futuro, mesmo o futuro próximo das eleições autárquicas, encarregar-se-á de mostrar se os danos causados à imagem da AD e do Governo se ficarão pela imagem ou terão outras consequências. Mas o acontecimento do Pontal, em si mesmo, e o discurso que lá levou o primeiro-ministro confirmam sinais de um deslumbramento com o ainda jovem poder e uma arrogância no seu exercício que os próprios tendem a confundir com determinação e capacidade de decisão.
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