A fome em Gaza existe, a distribuição de alimentos é mais do que insuficiente, e os israelitas não podem não saber
Gaza tornou-se uma abstração. Um conceito disputado. Lugares de dor e sofrimento extremo tornam-se, com o tempo, em abstrações, ideias. A realidade desaparece e é substituída por um símbolo, uma alegoria, uma causa, ou uma ideia de ação. Sobram as imagens, são as imagens que impulsionam a ação sobre a ideia. As imagens de Gaza são insuportáveis, porque naquele lugar surreal existem pessoas que se tornaram também ideias. Ideias fugidias, vestígios de gente que corre todo o tempo, que foge deslizando entre ruínas, ferros espetados, pó de cimento, poeira de explosões. E manchas de sangue na terra queimada. Crianças que morrem de fome, um espetáculo precedido nas televisões do aviso às almas sensíveis, cuidado que as imagens que vão ver são gráficas.
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