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Opinião

Sócrates, o reaparecido

O breve reaparecimento de Sócrates não é relevante para o futuro de quem carrega tamanho fardo ético. Mas exibe, pelo contraste com um passado prolixo em reformas, o vazio do presente. De que ele tem, já agora, a sua quota de responsabilidade

Como é que alguém que viveu os últimos 10 anos de José Sócrates, que esteve preso e se tornou sinónimo de quase tudo o que está errado no país, tem as reservas de energia que exibiu no domingo? E o que conseguiu, naquela entrevista, é extraordinário: no momento em que o seu julgamento começa, deu a provar, pelo menos a alguns, o sabor da nostalgia. É verdade que muitas passagens da sua conversa, incluindo algumas críticas justas a Costa, são movidas pelo indisfarçável ressentimento de quem, na sua megalomania, se compara a Lula, não percebendo que os processos, os sistemas judiciais, os legados dos dois líderes e a implantação popular dos dois partidos são completamente diferentes. Mas bastou desfiar algumas das coisas que fez para esmagar os governantes que lhe sucederam. Em cinco anos, porque os dois últimos foram a gerir a queda para a crise, deixou a aposta nas energias renováveis, o Simplex, a escola a tempo inteiro, o Inglês na primária, a reforma da Segurança Social, o Plano Tecnológico, as Novas Oportunidades, a Parque Escolar e o trabalho entretanto abandonado para o novo aeroporto e o TGV. Ao mesmo tempo, conquistaram-se direitos, como a descriminalização do aborto ou a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

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