Ana Paula perdeu a casa porque a renda ficou incomportável, perdeu a barraca porque a Câmara de Loures a demoliu e pode perder os filhos porque sem casa nem barraca não tem onde viver com eles. Está cercada. O parto do quarto filho, que está marcado para hoje, será um dos poucos dias felizes. Porque, ao contrário do que fizemos com a habitação, não confiámos a nossa saúde exclusivamente ao mercado
Ana Paula tem 38 anos, era cuidadora de idosos (está de baixa e desconta há sete anos) e tinha uma casa arrendada. Pagava 410 euros, já incomportável para si. Com o aumento da renda, em janeiro, passou a ser impossível. Uns têm recuo para, com enormes sacrifícios, não ficarem sem teto. Outros não. Ana Paula tem três filhas e espera o primeiro rapaz. Como única saída, construiu uma barraca. Há um mês, apesar de não se conhecer qualquer queixa em tribunal (o Bairro do Talude Militar tem terrenos privados e camarários), as casas foram demolidas pela Câmara Municipal de Loures sem que houvesse alternativa.
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