O que assombra Montenegro não irá desaparecer. As histórias dos negócios que se cruzam sempre com a política estão lá todas. Muitas. Ou será um cadáver político ou uma bomba-relógio. Não pelo que faça, que controla, mas pelo que já fez. Por isso o jogo acabou. Mesmo que ele vença
Como escreveram dois solitários jovens militantes do PSD, Diogo Isidro e Luís Miguel Soares, num artigo no “Observador”, “Luís Montenegro não é um empresário que virou político, é um político que fez negócio possibilitado pelas suas conexões políticas. (...) Sem o Montenegro político é impossível existir o Montenegro empresário”. Nisto, nunca esteve só. Novo e continuar a receber desta rede depois de chegar a primeiro-ministro. Haverá poucos, nas redações ou no Parlamento, que não conhecessem o seu currículo. Mas teve o mérito de se reinventar pelo silêncio. De tal forma que uma das suas vantagens eleitorais era a imagem de honestidade. Até mandou fazer um outdoor em que se lia: “Corrupção e falta de ética. Já não dá para continuar.” Tudo o que era postiço desabou este mês, quando o rei perdeu a roupa. O que se passou com a sua empresa não foi um erro, muito menos de comunicação. Foi a confirmação de que o fato que não serve acaba sempre por rasgar. E não há como Montenegro voltar a parecer sério. Não quer dizer que tenha perdido todos os argumentos para as eleições, quer dizer que lhe sobram os resultados deste Governo, que são, no que é bom e no que é mau, a mera continuação dos resultados do anterior, mais a distribuição de dinheiro. Quer dizer que nunca mais vai ser visto da mesma forma.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: danieloliveira.lx@gmail.com