Depois do longo período de discussão orçamental, bastante conturbado aliás, em que não havia certezas de termos Orçamento de Estado para 2025 e em que a postura da Iniciativa Liberal foi oscilando entre a crítica ou a defesa do Governo da Aliança Democrática, o voto contra ou a abstenção, no dia 29 de novembro o Orçamento foi aprovado, ainda que com o voto contra da Iniciativa Liberal.
A discussão do Orçamento de Estado demonstrou que, apesar da Iniciativa Liberal ter conseguido feito aprovar algumas das suas propostas de alteração ao documento em sede de especialidade, não tem, ainda, capacidade para condicionar ou influenciar políticas públicas que permitam efetivamente reformar o país.
Fechado este ciclo, é a altura de refletir sobre o próximo passo Liberal, que deverá ser marcado por um período de reflexão interna na Iniciativa Liberal, em que temos de ponderar que Iniciativa Liberal temos e que Iniciativa Liberal ambicionamos ter, a relevância e influência política que queremos que nos seja caraterística e de que forma poderemos realmente influenciar o xadrez político.
Aproximam-se eleições internas e, com isto, os membros da Iniciativa Liberal são chamados a votar sobre que rumo querem para o liberalismo em Portugal, que grau de envolvência querem ter na definição do caminho a seguir e que modelo de governança interno querem para a Iniciativa Liberal.
Um partido fortemente ideológico como o nosso deverá bater-se sempre pelo seu ideário político, diariamente e sem pensar em resultados de curto prazo, tendo sempre presente que as mentalidades não se mudam de um dia para o outro, que a corrida do liberalismo em Portugal é claramente uma maratona e que o liberalismo funciona e faz efetivamente falta a Portugal.
Neste próximo passo Liberal, que se espera que seja marcado pelo debate de ideias, bom senso e elevação na discussão, deixo um apelo a todos os membros da Iniciativa Liberal, mas principalmente a todos aqueles que farão parte de listas candidatas a um qualquer órgão nacional: sejamos um exemplo para o país, a começar internamente, de que o entrincheiramento e a polarização não beneficiam ninguém, não contribuem para a verdadeira imagem do que deve ser o liberalismo no âmbito da sua pluralidade e, acima de tudo, não contribuem para o crescimento da Iniciativa Liberal.
Sejamos, então, um exemplo de democracia interna, pelo debate construtivo na discussão de ideias e pela aceitação do pluralismo, em que o foco não esteja na demonização, ataques pessoais e descredibilização das ideias pelo ataque a pessoas, mas antes no debate sério e elevado de ideias, no respeito por todos e em que a discussão seja centrada nos modelos governança interna e nas ideias para o país.
Estas eleições internas são também uma oportunidade para a Iniciativa Liberal voltar a ser a casa de todos os liberais, como já o foi outrora, com abertura à sociedade civil e mais oportunidades de participação interna. Uma oportunidade de inverter a tendência de estagnação e uma oportunidade de preparar o partido para as Eleições Autárquicas de 2025, com foco na disseminação das ideias liberais, em que a preocupação deverão ser primeiramente as propostas e a melhoria da qualidade de vida das populações locais, ao invés do taticismo político de coligações autárquicas em troca de mandatos. Mesmo sendo o cenário escolhido pelas estruturas locais, que o seja com benefício para a implementação do liberalismo em cada autarquia e com um caderno de encargos bem definido.
As próximas eleições autárquicas serão, então, a esperança da Iniciativa Liberal aumentar a sua representação autárquica e geográfica, poder influenciar políticas públicas localmente, mostrar que o liberalismo está em Portugal de pedra e cal e que a Iniciativa Liberal está preparada para melhorar a vida dos portugueses com as reformas que o país tanto necessita. Esperamos que todos unidos consigamos aproveitar bem esta oportunidade!
Rui Malheiro
Conselheiro Nacional da Iniciativa Liberal
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