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Opinião

Grandes demais para a democracia

Musk e Bezos não compraram o Twitter e o “Post” como negócios, mas como poder para fazerem crescer negócios que dependem do Estado. Permitiu-se uma brutal concentração de riqueza, que é poder. Descobre-se, tarde demais, que a democracia é inviável se não redistribuirmos uma e outra coisa

As corporações sempre compraram a democracia americana. Mas Elon Musk quis deixar tudo mais claro e fez um sorteio diário de um milhão de dólares para quem subscreva a petição em apoio à primeira e segunda emendas, obrigando, para isso, conservadores dos swing states a registarem-se. Na rede X, políticos republicanos tornaram-se virais e os democratas desapareceram, porque o algoritmo opaco de Musk decide a plateia de cada um. Como é habitual, “The Washington Post” preparava-se para apoiar um dos candidatos. Seria Kamala. Mas Jeff Bezos, o proprietário, acabou com uma prática de décadas. A decisão foi tomada depois de uma reunião de executivos da Blue Origin, a sua empresa aeroespacial, com Trump. Como nos recorda o caso Watergate, sempre houve interferências. Mas havia barreiras de segurança. Elas foram derrubadas, como estão a ser todas as barreiras democráticas. Não por um povo racista e radical, mas pelo cálculo frio dos homens mais ricos do mundo.

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