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Opinião

Este é o momento para os trabalhadores serem descarados

Nos EUA, a queda de sindicalização retirou, nos últimos 40 anos, cem mil milhões de dólares aos salários todos os anos. Com um mercado de trabalho ávido de mão de obra, este é o momento para recuperar. Há um surto de sindicalização e greves. O combustível foi a disparidade entre salários de executivos e trabalhadores. A greve que marca a nova fase é a da indústria automóvel, onde se exigem aumentos de 40% nos próximos quatro anos

“Temos de aumentar o desemprego”, disse, numa conferência, Tim Gurner, que se tornou um dos homens mais ricos da Austrália aos 30 anos, graças a empreendimentos imobiliários de luxo. “O desemprego tem de crescer 40, 50 por cento" para “acabar com a atual dinâmica onde os empregados sentem que o empregador tem muita sorte em tê-los e não o contrário”. Felizmente, os governos estão a infligir “dor na economia”, gerando milhares de novos desempregados, sossegou-nos.

Parece uma caricatura, mas é no conteúdo desta crueza desarmante que está o resumo do momento que vivemos. Nem precisamos de sair de Portugal. Num país onde o peso dos salários na economia está abaixo dos da zona euro, a mais recente proposta da CIP foi propor que os aumentos se fizessem através de um saco azul, livre de impostos e contribuições sociais. No entanto, a produtividade portuguesa representa 72% da zona euro e o salário não ultrapassa os 58% pagos no resto na União Europeia. O que nos afasta da média europeia não é a carga fiscal, são os salários.

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