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Opinião

Será que você está a ver "The Crown" como deve ser?

O público que adora “The Crown”, enquanto narrativa, enquanto arte, é o mesmíssimo público que não aceita na sua realidade de 2022 alguém tão dividido, tão ambíguo, tão imperfeito e trágico como Filipe. O Filipe amado enquanto personagem de ficção seria queimado na praça pública de hoje e jamais chegaria ao trono

O nosso espaço público transformou-se rapidamente numa arena que só sabe ver branco vs escuro, bom vs mau. Os erros do presente e o passado de uma figura são vasculhados com esta peneira grosseira que destrói ou proíbe a dúvida, a ambiguidade, a dupla lealdade, no fundo, a tragédia. Como eu dizia aqui há dias, a rebeldia fora da caixa das velhas estrelas rock é hoje em dia impossível; espera-se que os cantores e atores sejam literalmente meninos do coro da igreja, bem comportadinhos e com o discursinho do costume. Da mesma forma, também é impossível voltarmos a presenciar com naturalidade o perfil trágico de figuras históricas como o Príncipe Filipe, o consorte de Isabel II.

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