Opinião

O inverno político que nos espera

7 outubro 2022 0:03

Se não surgirem movimentos como os que levaram centenas de milhares às ruas em 2012, a contestação será nas redes sociais, liderada por quem não tem apego à democracia ou comprometimento com os direitos dos trabalhadores

7 outubro 2022 0:03

A maioria absoluta foi o pior que poderia ter acontecido ao PS. Sem pressão à sua esquerda, sem um contrapeso que modere a caminhada para a TINA que há décadas esvazia a democracia de escolhas, consumir-se-á no descontentamento dos próximos anos. Se a última crise teve efeitos estruturais na composição do eleitorado da direita, veremos se esta não transformará Costa no Hollande português — o homem que teve tudo na mão e quase extinguiu o seu partido. A crise financeira de 2009, que as escolhas europeias transformaram numa crise das dívidas soberanas, resultou numa intervenção externa. A propaganda da “bancarrota” deu margem política a Passos Coelho. E PCP e BE ainda tinham a capacidade de manter o protesto nas fronteiras institucionais que se conhecem desde a normalização democrática. Como se viu durante a ‘geringonça’, nada tremeu no sistema com a sua inclusão no espaço de poder.