O ex-presidente afinal nunca saiu do país e o atual esmera-se na preservação do seu legado
Encontrava-me em Luanda em 2009 quando no YouTube surgiu um badalado amador e absurdo curto vídeo. Tratava-se de “O regresso dos que nunca foram”! A certa altura um dos atores diz: “Se não vão a bem vão a mal”... e vai daí dá um tiro no parceiro. A situação em Angola nunca esteve tão igual como ao passado de José Eduardo dos Santos (JES). A transição ansiada e prometida esfumou-se. E não foi por falta de algum entusiasmo doméstico e dos encómios da comunidade internacional. Mas a verdade é esta: JES nunca saiu do país. A sua ausência física era, afinal, aparente. O seu partido e, por consequência, o governo, nunca se livraram do seu silêncio ruidoso e tentaram disfarçar a continuidade dada à desaforada e vergonhosa festa que foram os seus mandatos. Os tiques arbitrários, os abusos e os desmandos voltaram. Bandeira de cartaz, a luta contra a corrupção, não pode ter jogadores como árbitros, pois a tendência será sempre caseira. Desse modo apenas se ajustam contas internas e o gota a gota é ponderado pelo impacto mediático do momento. O hábito das promessas jorra em catadupa em todas as áreas. Na economia retomaram-se os maus hábitos das adjudicações diretas e da seleção de grupos económicos substitutos dos malfadados anteriores, com destaque para o Grupo Carrinho e a Omatapalo. João Lourenço retomou a obsoleta linguagem de JES acusando os jovens de frustrados ou o colonialismo pela situação do país.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt