Os problemas de saúde psicológica constituem um dos principais desafios de saúde pública, continuando, ano após ano, o Serviço Nacional de Saúde a sofrer de insuficiências graves relativamente à acessibilidade, equidade e qualidade dos cuidados de Saúde Mental. E o problema não é dinheiro, diz o psicólogo clínico e forense Mauro Paulino na segunda das suas duas crónicas deste mês
Recentemente foi notícia que o Governo está há três anos a selecionar 40 psicólogos que vão reforçar o Serviço Nacional de Saúde. A responsabilidade desta demora? Diz a tutela que é das exigências de saúde pública, devido à pandemia da covid-19. Porém, na verdade, o concurso foi aberto em agosto de 2018, cerca de 18 meses antes de a pandemia ter chegado a Portugal, em março de 2020. Não chegam 18 meses? Não se estivessem a borrifar para a saúde psicológica, com jogos políticos, e estes profissionais estariam há muito tempo já integrados e a dar resposta às necessidades psicológicas dos utentes antes, durante e “pós” pandemia.
O referido procedimento concursal para admissão a estágio, com vista a obtenção do grau de especialista no ramo de Psicologia Clínica da carreira dos técnicos superiores de saúde, no âmbito dos cuidados de saúde primários, contou com a admissão de mais de 2500 candidatos. Até agora, nenhum foi colocado, estando o concurso ainda na fase das entrevistas.
As diretrizes vigentes exigem que todos os candidatos passem pela entrevista e, por isso, já a Ordem dos Psicólogos Portugueses tinha alertado, em maio de 2020, que o grau de especialista devia ser conferido pela própria Ordem, como sucede noutras especialidades avançadas, através da apresentação de documentos, podendo ser equiparado à especialidade de Psicologia Clínica do Ministério da Saúde. Desta forma, o processo seria mais ágil, sendo escusado que as desculpas fossem empurradas para uma pandemia que tem as costas largas.
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