Newsletter Expresso Curto

Trump ia acabar com as guerras, mas afinal vinha outra a caminho

Trump ia acabar com as guerras, mas afinal vinha outra a caminho

Cristina Pombo

Coordenadora da Secção Internacional

ATEF SAFADI/EPA

Bom dia!

O mundo é um lugar cada vez mais perigoso. Nos últimos três dias a paz ficou ainda mais distante, depois do ataque de Israel a alvos no Irão, e das notícias que dão conta da morte de uma congressista democrata e do marido no estado americano do Minnesota. Guerra, violência, mais guerra, mais violência. E no meio deste caos global, a constante tem nome de Presidente… o homem que disse que ia acabar com as guerras (em apenas alguns dias) tem de lidar com a violência que emerge dentro do próprio país. Los Angeles é também exemplo disso - manifestações maioritariamente pacíficas são reprimidas pela força de blindados e tropas nas ruas, que o Presidente designou como medidas “essenciais” para conter males maiores. Quem semeia ventos, colhe tempestades, e Trump está no olho do furacão.

E o furacão instalou-se por estes dias no Médio Oriente, onde as tensões estão ao nível máximo, depois de Israel ter lançado vários mísseis, na passada sexta-feira, sobre território iraniano. A retaliação não demorou, e desde então, vários ataques cruzados têm sido reivindicados pelos Governos dos dois países. Este domingo, o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdoğan falou ao telefone com Donald Trump, para pedir “ações urgentes” destinadas a evitar que o conflito entre Irão e Israel se alastre a todo o Médio Oriente. É uma bomba-relógio, o alarme é geral, voltam os receios de uma “Terceira Guerra Mundial”.

Trump - que afirmou ter conhecimento da operação israelita - terá vetado um plano de Israel para assassinar o líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, segundo informações fornecidas à Reuters por duas autoridades norte-americanas. Um porta-voz do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu apressou-se a desmentir essa informação. Entre as suas muitas intervenções nos últimos dias, Trump diz saber que Irão e Israel vão assinar um acordo que significará que a “paz estará para breve”. Reunidos para uma cimeira do G7 nas montanhas canadianas, os líderes europeus pretendem questionar Trump sobre a estratégia para a guerra no Médio Oriente, e de onde vem esta confiança do Presidente americano.

Um grupo de ativistas pelos direitos humanos que cruzou informação no terreno fez um balanço das vítimas nos ataques israelitas no Irão. Pelo menos 406 pessoas morreram e outras 654 ficaram feridas, noticiou a Associated Press. Em contraponto, um porta-voz do Ministério da Saúde iraniano refere que os ataques israelitas mataram 224 pessoas até ao momento, 90% das quais são civis. Os serviços de emergência de Israel apontam para a morte de cinco pessoas e 92 feridos nos últimos ataques com mísseis iranianos ao território, escreve a AFP.

Durante a madrugada, noite dentro nos Estados Unidos, foi finalmente detido o homem que assassinou a tiro a congressista democrata Melissa Hortman e o marido. Vance Boelter, de 57 anos, fez-se passar por um agente da polícia e disparou sobre Hortman e o marido, matando ambos em casa no sábado passado. Dirigiu-se em seguida a outra habitação nas proximidades, onde voltou a abrir fogo, desta vez sobre o senador John Hoffman e a mulher, que sobreviveram. A caça ao homem durou dois dias e o FBI oferecera uma recompensa de até 50 mil dólares (aproximadamente 43 mil euros) por informações que levassem à sua detenção.

O autor dos disparos diz-se cristão evangélico e sabe-se que viajou por África para partilhar a sua história de fé. Conservador e abertamente contra o direito ao aborto, trabalhava numa empresa de segurança, o que poderá tê-lo ajudado com o disfarce escolhido para assassinar a democrata e o marido. Quando as autoridades revistaram o seu carro, logo após os assassinatos, encontraram uma longa lista de alvos a abater. O governador democrata Tim Walz afirmou que o atentado terá tido “motivações políticas”. Boelter enfrenta agora duas acusações de homicídio de segundo grau e duas acusações de tentativa de homicídio de segundo grau pelas mortes dos Hortman e pelos ferimentos de Hoffman e da sua mulher.

OUTRAS NOTÍCIAS
Candidatura. António José Seguro, ex-secretário-geral do PS apresentou a sua candidatura a Belém este domingo, com casa cheia no Centro Cultural das Caldas da Rainha. Com críticas veladas à atuação do atual Presidente da República e ao almirante Gouveia e Melo, o agora candidato a Belém deixou recados internos para uma ala do PS que não o apoia.

Calor. Esta segunda-feira, o verão antecipado promete torrar tudo à passagem, com os termómetros a atingir temperaturas muito elevadas em todo o país. A onda de calor extremo vai exigir medidas preventivas e, como sempre acontece nestas alturas, a DGS emitiu alertas sobre o que deverá fazer para aliviar os efeitos sobre a saúde.

Agressões. Um elemento de um grupo neonazi agrediu um cidadão durante o dia de sábado no centro histórico de Guimarães. A vítima fez queixa na PSP e a polícia vai agora enviar o caso ao Ministério Público. É o terceiro caso de violência de extrema-direita em quatro dias. Entretanto, este domingo, centenas de pessoas concentraram-se em frente ao Teatro A Barraca, em Lisboa, em solidariedade com o ator Adérito Lopes, agredido na terça-feira por um grupo ligado à extrema-direita.

Primavera Sound. O Parque da Cidade do Porto voltou a acolher mais uma edição do festival que juntou, ao longo de três dias, o calor das Wet Leg e o verde-choque de Charli xcx, “pancadaria de meia noite” com Turnstile e a serenidade dos Beach Bouse, demonstrações de força dos Deftones e os novos super-heróis do pós-punk, os Fontaines D.C. Aqui ficam os 12 melhores concertos.

“Turistificação”. Os habitantes de Barcelona voltaram a apontar pistolas de água aos turistas na cidade, num dia em que saíram à rua para protestar contra o turismo massificado. Comportamento idêntico tiveram manifestantes na ilha espanhola de Palma de Maiorca, San Sebastián e Granada, enquanto marchavam para exigir uma reformulação de um modelo económico que acusam de estar a alimentar uma crise imobiliária e a apagar o carácter das suas cidades natais.

Mundial de Clubes. O FC Porto não foi além de um empate com o Palmeiras, no arranque das equipas portuguesas no Mundial de Clubes. Os dragões empataram contra a equipa de Abel Ferreira (0-0) num jogo frenético que é estranho ter terminado sem golos. Esta segunda-feira é a vez do Benfica entrar em campo frente ao Boca Juniors, às 23h.

FRASES
Afastei-me quando podia dividir, volto agora para unirAntónio José Seguro, durante o discurso de lançamento da candidatura à presidência da República

“Todos temos de evitar medidas protecionistas. Esta é uma mensagem importante que o G7 precisa de enviar aos mercados mundiais” Von der Leyen na 51.ª cimeira do G7, no Canadá

OS NOSSOS PODCASTS
De Gaza ao Líbano, as agressões israelitas prosseguem no Médio Oriente. Oiça aqui o mais recente episódio do podcast O Mundo A Seus Pés com Safaa Dib, escritora luso-libanesa

As razões da operação “Leão Ascendente” e o conflito armado entre Israel e o Irão são os temas no podcast Leste/Oeste desta semana, com Nuno Rogeiro

“Há os que prometem e não cumprem e há os que não prometem mas fazem”: no Expresso da Manhã, Paulo Baldaia conversa com o jornalista Vítor Matos sobre o debate do Programa do Governo

O QUE ANDO A LER

Em lista de espera (para as férias!), a minha próxima leitura será “As Loucuras de Brooklyn”. Ando há algum tempo para me lançar a este livro, quer por sugestão de um bom amigo, quer porque o brilhante autor que é Paul Auster traça nesta obra um retrato de Brooklyn, um dos bairros mais famosos de Nova Iorque, e da sua realidade multifacetada.

A história gira em torno do reencontro de Nathan e do seu sobrinho Tom. Nathan é um homem de sessenta e tal anos que depois de sobreviver a uma doença mortal decide regressar ao bairro onde nasceu. Num dos seus dias de solidão, enquanto passeia pelas ruas, tem um encontro inesperado com o seu sobrinho, que não via há vários anos, e que trabalha num alfarrabista. Esta obra ficcional é nada mais do que um retrato realista do bairro vibrante e cultural de Brooklyn, mas versa também sobre a vivência de múltiplas personagens que se cruzam com os protagonistas, e que partilham um objetivo comum: a oportunidade de redenção. Promete!

E agora sim, despeço-me desejando-lhe uma ótima semana, se possível continuando a seguir-nos para se manter informado e entretido no Expresso, Tribuna, Blitz, Boa Cama Boa Mesa e Sic Notícias.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: cpombo@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate