Ora viva,
O Expresso está na estrada e medimos o pulso à ações e declarações dos líderes partidários, quando falta precisamente uma semana para terminar a campanha eleitoral.
Antes de entrarmos no que se passa no terreno, tome nota do que marca a atualidade política das últimas horas: a sondagem do Expresso e da SIC sobre as legislativas. É a manchete da nossa edição que está nas bancas esta sexta-feira e tem muito para ler.
Primeira conclusão: O Chega desce, a AD sobe e passa o PS, mas continua tudo em aberto para as eleições. Outra conclusão, a AD recupera pensionistas, o Chega tem um eleitorado pouco religioso, e o PS continua com mais apoio entre as mulheres. E ainda, e não é menos importante, olhamos para o elevado número de indecisos, a quem pode estar entregue um papel decisivo no desfecho do resultado do dia 10 de março. Há mais indecisos do que nas últimas legislativas e 22% dos que dizem que já decidiram admitem ainda mudar o sentido de voto.
É assim, neste cenário de incerteza, que os partidos tentam conquistar apoios no terreno. E quais têm sido as prioridades?
À esquerda, a surpresa das últimas horas é a troca de recados entre o Livre e o Bloco.
Rui Tavares, que tem sempre defendido o papel importante do partido no contributo para o crescimento da esquerda, disse esta quinta-feira que “a direita democrática tem de ter com quem dialogar”. Mariana Mortágua não deixou passar e disparou: “devemos estar totalmente concentrados em derrotar a aliança PSD e IL ”.
O verniz a estalar, com o Livre a acabar o dia em guerra com o BE. E do lado dos bloquistas, o recado claro, “o momento é de lutar, não de confundir”. Tavares viu-se obrigado a vir esclarecer que a posição do Livre não mudou.
Polémicas à parte, a campanha do Bloco dedicou o dia à Saúde, Educação e Habitação, sem perder de vista os temas que têm marcado a semana e animado a comitiva.
Lembra-se de Sampaio da Nóvoa?
O ex-candidato presidencial que perdeu para Marcelo Rebelo de Sousa em 2016 reapareceu, numa ação de campanha da CDU, e deixou preocupações sobre o crescimento dos extremismos e o “perigo do abismo”. Promete voltar ao tema em outras iniciativas do PS e do Livre.
Na CDU, o dia foi de pouca mobilização na estrada, nada que abale a confiança de Paulo Raimundo.
Pedro Nuno Santos anda pelo trilhos da obra (a ser) feita do Governo socialista. Linha de comboio e hospital no Alentejo na rota da campanha socialista, exemplos da ação socialista que “outros”, assegura, não fariam. Uma campanha onde a estratégia é clara: o PS quer agarrar os pensionistas e aproveitar “dádivas”, que é como quem diz, deslizes do lado da AD.
A noite da coligação de direita contou com Assunção Cristas como convidada (Montenegro promete mais ex-líderes na campanha, “virão todos”), com a ex-presidente centrista a garantir que “a AD não recebe lições quanto ao papel das mulheres” mas o alvo mais importante estava guardado para o discurso do líder, com o PS a ser acusado de “querer manter as pessoas na pobreza”.
Luís Montenegro tinha ainda outro recado: “não aceito um país em que muita gente que trabalha tem menos dinheiro do que quem não trabalha”. Rotas de uma jornada difícil, onde se misturam narrativas paralelas, como sublinha a reportagem do Expresso.
E numa campanha a que não tem faltado polémica, tome nota do que diz o candidato da AD por Santarém: Portugal tem perdido investimento por falsas razões climáticas e os agricultores já falam em milícias armadas perante os roubos.
Acrescento ainda outra nota: Inês Sousa Real volta, por estes dias, a distanciar o PAN da AD, justificando-se com as declarações dos últimos dias na campanha da coligação.
A Iniciativa Liberal foi à procura dos jovens em dia de dérbi em Lisboa. Rui Rocha, que já pediu uma maioria clara para a AD e a IL, passou pela cidade universitária onde queria apresentar o jogo “quem quer ser primeiro-ministro?”mas ninguém sabia como jogar. No jogo do dia 10 de março, é outra a estratégia.
Há mais uma promessa eleitoral e um novo alvo na mira de André Ventura: abolir as portagens, em dia de apontar “à esquerdalha”. A estratégia final do líder do Chega, que distribui criticas por todos os partidos, é aliar-se a um homem que insulta em público, entrar para o “prostíbulo espanhol”.
AGENDA DE CAMPANHA
A região da Guarda concentra esta sexta-feira grande parte do interesse da campanha. A saber: PS, AD e BE vão andar pela zona, o que até pode proporcionar o cruzamento de comitivas.
Pedro Nuno Santos arranca a manhã na Covilhã e tem comícios marcados para o fim da tarde e para a hora de jantar em Castelo Branco e na Guarda, onde termina o dia.
Já Luís Montenegro começa as ações de campanha justamente na cidade mais alta de Portugal para depois visitar a zona de Aveiro e terminar num jantar comício em Santa Maria da Feira.
Mariana Mortágua tem agendado um percurso de comboio entre a Covilhã e a Guarda, seguindo depois para a zona de Coimbra.
André Ventura estará no distrito de Viseu, em Lamego e Vouzela.
A IL, com Rui Rocha, começa por visitar a BTL em Lisboa e segue para Braga onde tem comício à hora do jantar.
Paulo Raimundo e a campanha da CDU assentam arraiais numa região que conhecem bem, Évora.
Rui Tavares, do Livre, faz campanha na zona de Lisboa, onde visita um centro infantil e Inês Sousa Real, do PAN, divide-se entre a deslocação a uma associação de proteção animal em Mafra e a estação de Entrecampos em Lisboa.
E nós cá estaremos ao longo de todo o dia e dos próximos dias para atualizar tudo sobre a última semana de campanha.
Deixo ainda uma sugestão.
Indeciso ou convicto sobre o sentido de voto no dia 10, não perca a oportunidade de testar o jogo que lhe propomos. Siga a rota das perguntas para perceber com que partido ou líder partidário mais se identifica.
Tenha boas leituras e uma ótima sexta-feira!
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: paulasantos@expresso.impresa.pt