Longevidade

“Cada casa é uma casa, cada pessoa é uma pessoa”: nova estrutura presta apoio personalizado no envelhecimento para “dar vida aos anos”

O espaço da loja, em Campo de Ourique
O espaço da loja, em Campo de Ourique
Hug

Um novo projeto visa proporcionar um envelhecimento saudável e ativo, em casa, com estímulo cognitivo e convívio social. O apoio prestado é “totalmente personalizado”, num acompanhamento em função das necessidades e especificidades de cada um

Quando se chega ao espaço da Hug, em Campo de Ourique, em Lisboa, parece que se está a entrar em casa: um corredor conduz à cozinha e, logo ao lado, surge uma sala ampla, com vários sofás. Segue-se depois uma longa mesa, em direção a um novo corredor, onde se encontram a casa de banho – totalmente adaptada – e o quarto.

Aqui, todos os objetos podem ser experimentados, desde a cadeira de rodas às diferentes almofadas, das bengalas ao cadeirão – um cenário distinto face às habituais lojas de produtos de apoio aos mais velhos. Sob o lema “dar vida aos anos”, o projeto pretende promover e apoiar o envelhecimento em casa, saudável e ativo, através de apoio domiciliário e material de geriatria, mas não só.

“Somos uma estrutura de apoio ao envelhecimento. Queremos oferecer às pessoas segurança para quando entrarem nesta idade, qualquer que seja o seu estágio, porque o envelhecimento é muito heterogéneo”, explica ao Expresso a responsável da Hug, Rita Corrêa Mendes. É por isso que o serviço prestado é “totalmente personalizado”, assente numa “visão 360”.

A entrada da loja
Hug

O processo começa com a realização de um diagnóstico que, além da dimensão física, abrange “os aspetos emocionais e mentais”. Geralmente, a pessoa que procura apoio apresenta-se “com uma necessidade ou ideia daquilo que precisa” e, através da análise, é possível “identificar e encaminhar para a melhor solução”.

O apoio pode ser dos mais diferentes tipos, tanto em número de horas como ao nível das funções a desempenhar pelo cuidador: acompanhamento a tempo inteiro, apenas auxílio na higiene, presença só durante a noite ou companhia para fazer um passeio diariamente, por exemplo. Por isso, o custo varia consoante cada caso. Além do cuidador, podem ser disponibilizados serviços complementares, como fisioterapia, psicologia ou terapia ocupacional.

O plano é, assim, desenhado e adaptado à medida e às necessidades de cada um. “Cada casa é uma casa, da mesma forma que cada pessoa é uma pessoa. E a maneira como estamos a envelhecer é muito pessoal. O olhar atento àquela pessoa é muito importante”, justifica Rita Corrêa Mendes.

A empresa conta com 140 cuidadores, que são a “peça-chave”, o que exige uma aposta na qualificação e formação, além do acompanhamento do trabalho prestado. A experiência tem demonstrado que, muitas vezes, simples atividades fazem a diferença. “Por exemplo, estar a ver televisão com os pés esticados e o cuidador fazer massagens nos pés dá uma sensação de bem-estar e conforto enorme. Ou os idosos ensinarem os cuidadores a jogar às cartas: têm de explicar as regras, lembrar-se, raciocinar.”

Um eixo do projeto é, precisamente, a estimulação cognitiva e a promoção do convívio, algo que começa desde logo na loja, um espaço confortável e colorido em que as pessoas “podem vir, estar, falar”, como se fosse um “ponto de encontro”. No local dinamizam-se tertúlias, workshops, palestras, de modo “leve, informal e acolhedor”. E, em breve, será lançado um clube com um programa mensal de atividades, em que todos vão poder “partilhar e contar histórias, continuar a ter interação social e combater o isolamento e a solidão”.

A estrutura já apoiou cerca de 300 pessoas e, nos próximos três anos, o objetivo é chegar a 2000 e “expandir pelo país” – tanto o apoio domiciliário como as lojas. O leque de serviços será alargado com assistência pessoal e voluntariado e através da promoção da continuação do desenvolvimento profissional. “A nossa cultura vê muito o idoso como um fardo e um peso. Queremos reconstruir essa visão que se tem do idoso e do papel que tem na sociedade.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: scbaptista@impresa.pt

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