Praticar 50 minutos de exercício físico moderado por semana é suficiente para reduzir risco de mortalidade de pessoas inativas
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Que o exercício físico conduz a mais longevidade já é sobejamente sabido, mas um novo estudo mostra que não é preciso um esforço intenso para obter benefícios
Um estudo realizado ao longo de 15 anos em Espanha e agora divulgado no British Journal of General Practiceconcluiu que o aumento da prática de atividade física, mesmo que em pequenos valores – 50 minutos de nível moderado por semana –, resultou numa diminuição de 31% na mortalidade em pessoas que, até então, eram sedentárias.
Em 11 centros de saúde espanhóis, foram acompanhados 3357 utentes, com idades entre 19 e 80 anos, que não cumpriam os mínimos de atividade física recomendados – 150 minutos moderados ou 75 minutos intensos por semana, valores que 27,5% dos adultos e 81% dos adolescentes a nível global não atingem, indica a investigação.
O objetivo foi o de avaliar o efeito na mortalidade da prática de exercício em pessoas anteriormente inativas, mesmo em caso de “aumentos modestos”. O estudo demonstra que essa alteração traz uma “redução significativa” da mortalidade, não sendo necessária uma grande intensidade.
“Estes benefícios seguem uma clara relação dose-resposta, na qual a mortalidade começa a cair mesmo com apenas pequenos aumentos da atividade física, por exemplo, dez minutos de atividade moderada por dia ou 50 minutos por semana, e a mortalidade continua a diminuir progressivamente, de modo que o risco de morte é reduzido aproximadamente para metade quando as recomendações mínimas são cumpridas”, lê-se na análise.
Os autores classificam esta conclusão como “muito importante” tendo em conta que os mínimos de atividade física recomendados “podem ser encarados como uma barreira por pessoas que estiveram inativas durante um longo período de tempo”. A promoção do exercício físico por profissionais de saúde é uma “intervenção eficaz” e pode ser mais fácil, com esta população inativa há muitos anos, “fixar um pequeno objetivo inicial”, como, por exemplo, os tais dez minutos de nível moderado diariamente.
O coordenador do estudo e líder da Unidade de Investigação de Cuidados Primários de Biscaia, Gonzalo Grandes, explica que “uma das dúvidas dos profissionais de saúde que veem pessoas com décadas de inatividade, muito má forma física, obesidade e frequentemente expostas a doenças crónicas, como diabetes, é se vale a pena recomendar um plano de atividade física e encontrar uma forma de as motivar”. O estudo mostra que “os resultados começam a aparecer com muito pouco”, destacou ao “El País”.
De acordo com a investigação, todos beneficiam com esta mudança, independentemente da idade e do género, o que faz desta uma “intervenção universal de promoção da saúde nos cuidados primários”, que deve ser encorajada. “A mensagem deve ser a de que qualquer aumento da atividade física em pacientes que são inativos é claramente melhor do que nada, embora quanto maior for a atividade, maiores serão os benefícios.”
A atividade física de “baixa intensidade” produz “benefícios substanciais”, embora “mais benefícios possam ser obtidos com intensidade moderada” e uma “intensidade crescente” está associada a “adicionais benefícios para a saúde”, referem os investigadores.
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