Isabel II morreu há um ano: celebração religiosa será a única cerimónia pública, Carlos III recorda “serviço dedicado” da mãe
POOL
O rei não vai estar em qualquer cerimónia pública, optando por passar o dia “em silêncio e em privado” e divulgando uma mensagem escrita e gravada em memória da mãe, desaparecida a 8 de setembro de 2022. Família real lançou ainda uma foto de Isabel II, captada em 1968 pelo fotógrafo Cecil Beaton
Os príncipes de Gales, William e Kate, visitam esta sexta-feira a Catedral de São David, em Cardiff, País de Gales, para assinalar o primeiro aniversário da morte da rainha Isabel II. O casal participará numa breve cerimónia privada, que incluirá uma homenagem à avó de William, primeiro na linha de sucessão ao trono britânico.
Seguir-se-á encontro com membros da comunidade local, incluindo pessoas que conheceram Isabel II. O serviço religioso é a única cerimónia pública prevista na agenda da família real para marcar o aniversário da morte da monarca, a 8 de setembro de 2022.
Em paralelo, Carlos III divulgou uma mensagem escrita e gravada sobre a efeméride. “Ao assinalar o primeiro aniversário da morte de Sua Majestade e da minha sucessão, recordamos com grande afeto a sua longa vida, o seu serviço dedicado e tudo o que significou para tantos de nós”, disse o rei.
Retrato de 1968 com “brilho nos ohos”
Um porta-voz da família real informou a estação pública BBC de que o rei não estará em qualquer cerimónia pública oficial, optando por passar o dia “em silêncio e em privado”. Encontra-se no castelo de Balmoral, residência na Escócia onde passou grande parte do verão e onde a rainha morreu, aos 96 anos, após 70 de reinado.
A família real divulgou ainda uma fotografia de Isabell II aos 42 anos, em 1968, captada no palácio de Buckingham pelo fotógrafo Cecil Beaton, que retratou a monarca muitas vezes. Exibida na National Portrait Gallery de Londres nesa altura, a imagem mostra a rainha com o manto da Ordem da Jarreteira, com a respetiva estrela, e a tiara da grã-duquesa Vladimir, que inclui 15 círculos de diamantes. Isabel sorri ligeiramente. O jornal “The Telegraph”, próximo da monarquia, indica que a foto foi escolhida por transmitir o sentido de humor da rainha e o “brilho ns seus olhos”.
O Governo britânico anunciou no domingo que os planos para um monumento permanente à rainha só serão conhecidos em 2026, ano em que se celebra o 100º aniversário do seu nascimento. As propostas serão avaliadas por uma comissão liderada por Robin Janvrin, ex-secretário particular de Isabel II, e depois apresentadas a Carlos III e ao primeiro-ministro.
Sunak destaca papel da rainha na Commonwealth
“Será um desafio único tentar capturar para as gerações futuras a extraordinária contribuição de Sua Majestade para a nossa vida nacional durante o seu longo reinado”, admitiu Janvrin, que trabalhou no Palácio de Buckingham entre 1987 e 2007.
O primeiro-ministro britânico enalteceu hoje o legado da rainha. “À distância de um ano, a dimensão do serviço prestado por Sua Majestade só parece maior. A devoção às nações do Reino Unido e da Commonwealth [organização que congrega Estados e territórios com ligações coloniais ou históricas ao império britânico] parece mais profunda. E a nossa gratidão por uma vida tão extraordinária de dever e dedicação continua a crescer”, afirmou Rishi Sunak.
No primeiro aniversário da morte de Isabel II, foram deixadas flores e mensagens de saudade às portas do castelo de Balmoral, última morada em vida da rainha desaparecida a 8 de setembro de 2022
Andrew Milligan/PA Images/Getty Images
Um ano após a morte de Isabel II, a monarquia parlamentar britânica continua a ser popular, embora sem o entusiasmo do período de enamoramento registado há 12 meses, por ocasião das cerimónias fúnebres da monarca. Uma sondagem publicada esta semana pela empresa YouGov indica que a maioria dos britânicos (59%) considera que o rei está a fazer um bom trabalho, contra 17% que têm opinião contrária.
Oposição à monarquia tem crescido
Em geral, 62% dos britânicos querem que o Reino Unido continue como monarquia e só 26% prefeririam uma república, a qual tem mais apoio entre os jovens. Em contrapartida, 80% das pessoas com mais de 65 anos defendem a monarquia.
Os resultados deste estudo são interpretados de forma diferente pelo movimento Republic, que destacou que a opinião negativa sobre a monarquia aumentou desde a morte da rainha. “Um terço das pessoas tem opinião muito negativa (16%) ou bastante negativa (17%) sobre a realeza. Este valor é superior aos 24% (10% e 14%, respetivamente) registados em setembro do ano passado”, salientou o movimento.
A sondagem revela um aumento do apoio à abolição e uma diminuição do apoio à monarquia, acrescentou o movimento republicano, que reivindica uma duplicação do número de membros nos últimos meses. “A monarquia está a perder rapidamente o apoio público, é altura de o país começar a ter um debate sério sobre a alternativa democrática”, argumentou o seu diretor, Graham Smith.