EUA lembram dever de facilitar operações humanitárias, Israel critica apoio à agência para refugiados palestinianos (346º dia de guerra)
O embaixador de Israel junto da ONU, Danny Danon, apresenta um cartaz com alegados membros do Hamas que morreram no bombardeamento a uma escola da UNRWA
Michael M. Santiago/ Getty Images
Os Estados Unidos reconheceram que muitos dos incidentes que envolveram ajuda humanitária poderiam ter sido evitados por Telavive, que deveria proteger trabalhadores e instalações humanitárias. Na reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza, houve ainda tempo para o embaixador israelita criticar a UNRWA, ao afirmar que a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos "faz parte do problema” na Faixa de Gaza
Os Estados Unidos instaram esta segunda-feira Israel a implementar "mudanças fundamentais" na forma como as suas Forças de Defesa operam e "corrigir deficiências óbvias", após ataques "sem base absolutamente nenhuma" contra veículos das Nações Unidas (ONU).
"Essa tragédia horrível nunca deveria ter acontecido. Continuaremos a exigir detalhes e acesso à investigação de Israel, e a pressionar por responsabilização em relação às circunstâncias que levaram à morte de Aysenur", assegurou Linda Thomas-Greenfield.
Virando as atenções para a situação "catastrófica" em Gaza, a diplomata norte-americana recordou que, nas últimas semanas, registaram-se vários ataques nos quais funcionários da ONU e trabalhadores humanitários ficaram feridos ou foram mortos, reconhecendo "o preço trágico e sem precedentes que este conflito teve sobre a família da ONU".
Trabalhador humanitário da ONU após ataque israelita a veículo da World Kitchen
"Fomos inequívocos ao comunicar a Israel que não há base – absolutamente nenhuma – para que as suas forças abram fogo contra veículos da ONU claramente identificados, como ocorreu recentemente em diversas ocasiões", frisou Linda Thomas-Greenfield.
Também o Reino Unido criticou as ações de Israel em Gaza, considerando "inaceitável" que Telavive se tenha comprometido "a inundar Gaza com ajuda, mas que isso não se tenha materializado". Além disso, os avisos de evacuação em massa israelitas e o uso de armamento pesado significam que nenhum lugar é seguro em Gaza, advogou a embaixadora britânica, Barbara Woodward, admitindo estar "horrorizada com a matança de trabalhadores humanitários".
ONU e Israel em confronto sobre papel da UNRWA e ligação com Hamas
Ainda na reunião do Conselho de Segurança da ONU, a coordenadora humanitária e de reconstrução de Gaza, Sigrid Kaag – recém-chegada do enclave palestiniano –, elogiou a UNRWA e o seu "papel vital" não só na recente campanha bem-sucedida de vacinação contra a poliomielite em Gaza, como nas operações humanitárias.
O embaixador de Israel junto da ONU, Danny Danon, fez exatamente o oposto e lançou duras críticas à UNRWA, apontando que a agência “não pode fazer parte da solução, porque faz parte do problema” na Faixa de Gaza. Exibiu ainda um cartaz com nomes e rostos de alegados membros do Hamas que morreram no bombardeamento à escola da UNRWA, indicando que alguns eram funcionários desta instituição.
⇒ Netanyahu comunicou ao enviado norte-americano, Amos Hochstein, a necessidade de uma "mudança radical" na fronteira israelo-libanesa. "Não será possível fazer regressar os nossos cidadãos [às suas casas, perto da fronteira israelo-libanesa] sem uma mudança radical na situação de segurança no norte" de Israel, indicou o gabinete de Netanyahu num comunicado.
⇒ O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, comunicou aos Estados Unidos que a possibilidade de um acordo para pôr fim aos confrontos com o Hezbollah na fronteira com o Líbano "está a desaparecer" devido às "ligações" com o Hamas.
⇒ O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, vai visitar Madrid na quarta-feira e encontrar-se com o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez. "As relações bilaterais entre a Palestina e Espanha avançam pelo caminho correto, e isto não é contra ninguém, mas a favor da paz e de uma solução política em benefício de todos", disse o novo embaixador da Palestina em Espanha, Husni Abdelwahed.
⇒ O Presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, negou que Teerão esteja a fornecer mísseis hipersónicos aos rebeldes hutis do Iémen, um dia depois de o grupo ter reivindicado um ataque ao centro de Israel com essa arma. O comandante da Força de Defesa Aérea do Exército do Irão, Alireza Sahabi Fard, avisou ainda que o país irá dar "uma resposta resoluta" a qualquer erro dos seus inimigos com os seus sistemas de armamento, apesar das sanções ocidentais devido ao seu programa nuclear.