O Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, anunciou ao início desta manhã que Madrid vai aprovar o reconhecimento oficial do Estado da Palestina na reunião do Conselho de Ministros agendada para esta terça-feira, tal como havia anunciado na semana passada, numa ação concertada com os governos da Irlanda e da Noruega.
Discursando, alternadamente, em espanhol e inglês, devido ao “impacto nacional e internacional da decisão” comunicada, o chefe do Governo espanhol declarou que “esta é uma decisão histórica que tem um único objetivo: contribuir para que israelitas e palestinianos alcancem a paz”.
“O reconhecimento do Estado da Palestina não é só uma questão de justiça histórica em relação às aspirações legítimas do povo da Palestina. É uma necessidade perentória se queremos, entre todos, conseguir a paz”, explicou o líder do executivo espanhol. “É a única maneira de avançar em direção a uma solução que todos reconhecemos como sendo a única possível para chegar a um futuro de paz – a de um Estado palestiniano que conviva com um Estado israelita em paz e em segurança.”
Pedro Sánchez frisou que o reconhecimento da soberania palestiniana por parte de Espanha não constitui uma forma de oposição a Telavive. “Esta é uma decisão que não adotamos contra ninguém, e menos ainda contra Israel, um povo amigo que respeitamos e precisamos e com quem queremos ter a melhor relação possível”, elaborou.
Por outro lado, a resolução do executivo de Madrid “reflete a rejeição frontal e categórica [de Espanha] em relação ao Hamas, que é contra a solução dos dois Estados”. Espanha defende a legitimidade da Autoridade Nacional Palestiniana para governar uma Palestina independente, “com Cisjordânia e Gaza ligadas por um corredor e com Jerusalém Oriental como a sua capital”.
“Não compete a Espanha definir as fronteiras de outros países, mas a nossa visão está plenamente alinhada com as resoluções 242 e 338 do do Conselho de Segurança da ONU, e com a posição tradicionalmente defendida pela UE”, indicou Pedro Sánchez. “Não reconheceremos mudanças nas linhas fronteiriças de 1967 que não sejam acordadas entre as partes.”
Comprometendo-se a “concentrar todos os esforços para tornar realidade a solução dos dois Estados já a partir de amanhã”, o Presidente do Governo de Espanha revelou que foram definidas três prioridades para alcançar o objetivo traçado: um cessar-fogo permanente em Gaza que permita a entrada de ajuda humanitária e a libertação imediata dos reféns levados pelo Hamas; o apoio à Autoridade Nacional Palestiniana no processo de reformas para a formação de um novo governo; e a continuidade da cooperação com parceiros “empenhados com a paz e prosperidade na região” para organizar uma conferência de paz onde possa ser decidida a implementação dos dois Estados.
“Tomámos esta decisão com base no respeito pelo direito internacional e na defesa das regras [que definem] a ordem internacional. São estes os princípios que nos guiam sempre, seja em Gaza, na Palestina, ou na Ucrânia, Espanha irá sempre defender os princípios que constam da Carta das Nações Unidas”, rematou Pedro Sánchez.
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