Guerra no Médio Oriente

Cessar-fogo provisório, libertação de reféns e ajuda humanitária a Gaza: o que está em causa nas negociações de tréguas no Egito

Destruição em Khan Yunis, no sul de Gaza, após um bombardeamento israelita
Destruição em Khan Yunis, no sul de Gaza, após um bombardeamento israelita
Ahmad Hasaballah / Getty Images

Israel e o Hamas estão a mostrar sinais favoráveis para uma nova trégua provisória, em conversações mediadas pelo Egito e Catar a partir do Cairo. Mas o movimento islamita tem duas “condições prévias” para libertar reféns: “um cessar-fogo total e a retirada do Exército de ocupação israelita de Gaza”

O líder do Hamas iniciou esta quarta-feira, no Cairo, as conversações para uma nova trégua provisória na guerra com Israel. O cessar-fogo de uma semana deverá incluir a libertação de reféns — em concreto 40 israelitas, entre crianças, mulheres e homens — em troca de prisioneiros palestinianos, e mais ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

O Presidente israelita já se mostrou favorável: Isaac Herzog declarou nesta terça-feira que o seu país estava “pronto para uma nova pausa e uma ajuda humanitária adicional com a intenção de permitir a libertação dos reféns”. As declarações de Herzog surgem numa altura em que vários países começam a retirar apoio a Israel.

No entanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, aproveitou este dia em que foram reatadas as negociações com o movimento islamita palestiniano para deixar claro que Israel vai continuar “a guerra até ao fim”. “Ela continuará até que o Hamas seja eliminado, até à vitória”, afirmou.

“Quem pensa que vamos parar está desfasado da realidade. Não vamos parar de lutar até atingirmos todos os objetivos a que nos propusemos: a eliminação do Hamas, a libertação dos nossos reféns e a eliminação da ameaça de Gaza”, sublinhou Netanyahu, numa mensagem em vídeo.

Hamas exige cessar-fogo total e retirada do Exército israelita

Esta terça-feira, uma fonte do grupo islamita disse à agência de notícias AFP que o líder do Hamas, Ismail Haniya, deverá encontrar-se com o responsável dos serviços de informação egípcios, Abbas Kamel, para discutir “o fim da agressão e da guerra, a preparação de um acordo de libertação de prisioneiros e o fim do cerco imposto a Gaza”. A mesma fonte precisou que apenas serão libertados civis (e não militares).

Porém, outro responsável do Hamas, que se pronunciou sob anonimato, adiantou à AFP que “um cessar-fogo total e a retirada do Exército de ocupação israelita de Gaza são condição prévia a qualquer negociação sobre uma troca [de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos]”. De acordo com o jornal israelita “Haaretz”, ainda não há grandes progressos no acordo sobre a libertação de civis sequestrados pelo grupo islamita.

As conversações serão mediadas pelo Catar e pelo Egito. Presume-se que também participe o chefe da “secreta” Mossad, que no início da semana se encontrou na Polónia com o emir do Catar e com o diretor da CIA, William Burns, para discutir a possibilidade de um cessar-fogo temporário no enclave palestiniano.

A Casa Branca classificou as novas discussões diplomáticas como “muito sérias”. “Esperamos que levem a algum lado”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA. Segundo John Kirby, a Casa Branca quer que se concretize o cessar-fogo — algo que tem sido trabalhado depois da anterior trégua de uma semana, que terminou no início deste mês.

A pausa de uma semana no final de novembro, negociada pelo Egito, Catar e EUA, permitiu a libertação de 105 reféns e de 240 palestinianos detidos nas prisões israelitas, e um reforço da escassa ajuda humanitária à Faixa de Gaza, submetida desde 9 de outubro a um cerco total israelita. Desde que terminou essa trégua, Netanyahu não tem sido favorável ao diálogo, insistindo na opção militar.

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