Foi um resultado enfático, e os Estados Unidos da América já não têm como ignorá-lo: 153 Estados-membros da ONU apoiaram uma resolução pedindo um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza. Apesar de os Estados Unidos se manterem entre os dez países desfavoráveis ao apelo, a surpresa da Assembleia-Geral em Nova Iorque foi ver Reino Unido e Alemanha a absterem-se na votação. É Rex Brynen, investigador de Ciência Política, na Universidade de McGill, no Quebec, Canadá, quem o diz. Em declarações ao Expresso, o analista garante tratar-se de uma “mudança importante, nomeadamente por parte de países como o Reino Unido - que se absteve - e do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia (que votaram a favor)”. Brynen acredita que a distribuição reflete duas coisas: “Há uma preocupação internacional no âmbito da crescente perda de vidas civis e da crise humanitária em Gaza. E há uma visão de que Israel pretendia devastar grande parte de Gaza, e, possivelmente até, empurrar alguns palestinianos para o Egipto”.
A resolução imediatamente anterior, com apelo a um “cessar-fogo humanitário”, a 27 de outubro, tinha atraído 120 votos favoráveis, 14 contra e 45 abstenções. A resolução aprovada nesta terça-feira expressava “grave preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e o sofrimento da população civil palestiniana (já morreram 18 mil pessoas na ofensiva israelita)”. Mas o documento apelava ainda à proteção dos civis israelitas e palestinianos - ao abrigo do direito internacional - e exigia a libertação imediata de todos os reféns. No Conselho de Segurança das Nações Unidas, na sexta-feira passada, uma resolução com conteúdo similar foi vetada pelos EUA. E as autoridades norte-americanas e austríacas ainda chegaram a propor alterações em momentos anteriores, para incluir a condenação aos “hediondos ataques terroristas do Hamas”, não perfazendo nenhuma das iniciativas o apoio total - e exigido - de dois terços.
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