Newsha Tavakolian nasceu em Teerão, em 1981, dois anos após a Revolução Iraniana que derrubou a monarquia e instaurou uma república islâmica. Os anos seguintes trouxeram alguma esperança à população, sobretudo durante a presidência de Mohammad Khatami (1997-2005) “que prometeu mais liberdade e abrir as portas do país ao resto do mundo”. “Foi a primeira vez que pessoas como eu tiveram um pouco de esperança na política”, conta a fotógrafa da agência Magnum. No entanto, “nada aconteceu de facto”.
Em entrevista ao Expresso à margem da sua exposição “And They Laughed At Me” — em homenagem ao poeta iraniano Baktash Abtin —, Newsha Tavakolian faz um contraponto do Irão dos anos 1990 e o dos dias de hoje. “Tínhamos tanta esperança e éramos tão inocentes”. A artista e fotógrafa passou por cerca de 15 jornais que foram sendo fechados pelo regime ao longo dos anos. A repressão e a censura têm aumentado desde 2022, na sequência dos protestos pela morte da jovem curda de 22 anos, Mahsa Amini, às mãos da polícia da moralidade por alegado “mau uso do hijab” (véu islâmico).
Ainda assim, a população — com destaque para as mulheres — continua a lutar contra as restrições e a opressão do regime de Ali Khamenei “e nunca desiste”. “É muito esperançoso”, diz. “Durante os protestos tive tempo para refletir e perceber que este despertar feminino que aconteceu há três anos era a continuação [do legado] de muitas raparigas nas minhas fotografias”. Newsha Tavakolian começou a fotografar profissionalmente com 16 anos e é “a primeira vez” que mostra o seu trabalho “desta forma”, “é como uma instalação”. A exposição pode ser visitada até ao dia 14 de junho, na galeria Narrativa, em Lisboa. A entrada é livre.
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