Isabel II

Oferta ou roubo? África da Sul apela à família real britânica que devolva o maior diamante lapidado do mundo

Oferta ou roubo? África da Sul apela à família real britânica que devolva o maior diamante lapidado do mundo
Max Mumby/Indigo/Getty Images

Opiniões sobre a propriedade do intitulado Grande Estrela de África dividem-se: foi um presente oferecido ao rei Eduardo VII ou trata-se de um diamante “roubado”? Discussão surge na África do Sul depois da morte de Isabel II

Na sequência da morte da rainha Isabel II, na África do Sul têm aumentado os apelos para que a família real britânica devolva o maior diamante lapidado do mundo, conhecido como Grande Estrela de África ou Cullinan I. O diamante tem origem na África do Sul, onde foi cortado de uma gema maior extraída em 1905 e entregue pelas autoridades coloniais sul-africanas à família real britânica.

Os meios de comunicação sul-africanos têm debatido a propriedade da joia e os pedidos de pagamento de reparações. “O diamante Cullinan deve ser devolvido à África do Sul com efeito imediato. Os minerais do nosso país e de outros países continuam a beneficiar a Grã-Bretanha à custa do nosso povo”, defendeu o ativista Thanduxolo Sabelo. Foi criada uma petição, já assinada por mais de 6300 pessoas, para que o diamante seja devolvido e exposto num museu sul-africano.

O deputado e líder do partido African Transformation Movement [Movimento para a Transformação Africana], Vuyolwethu Zungula, instou a África do Sul a “exigir a reparação de todos os danos causados pela Grã-Bretanha” e a “devolução de todo o ouro e diamantes roubados”. A porta-voz do partido Economic Freedom Fighters, Leigh-Ann Mathys, apelou a “repatriações para todos os roubos coloniais, dos quais faz parte o roubo da Grande Estrela de África”.

De acordo com o Royal Collection Trust, que supervisiona a coleção da família real britânica, o diamante Cullinan foi oferecido ao rei Eduardo VII em 1907, dois anos depois de ter sido descoberto numa mina privada na antiga província de Transvaal, na África do Sul. A lapidação coube à empresa Royal Asscher, dos Países Baixos, que indica que o diamante foi um presente de aniversário ao rei.

Por outro lado, o professor de política africana da Universidade da África do Sul, Everisto Benyera, considera que “as transações coloniais são ilegítimas e imorais”. “A nossa narrativa é que todos os governos de Transvaal e da União da África do Sul e os sindicatos mineiros concomitantes eram ilegais”, explicou à CNN. “Receber um diamante roubado não exonera o recetor. A Grande Estrela é um diamante de sangue. A empresa mineira privada, o governo de Transvaal e o Império Britânico faziam parte de uma rede maior de colonialismo”, acrescentou.

O diamante Cullinan foi cortado em nove grandes pedras e 96 peças mais pequenas. A maior das pedras foi chamada de Grande Estrela de África e a segunda maior intitulada de Estrela Menor de África pelo rei Eduardo VII. O diamante maior foi colocado no ceptro do soberano e o segundo na coroa imperial. A rainha Isabel II usou ambos os diamantes em vários retratos.

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