Guerra na Ucrânia

Kiev considera "contrária ao bom senso” proposta russa para cessar fogo, TPI pode investigar ciberataques: o 841.º dia de guerra

Kiev considera "contrária ao bom senso” proposta russa para cessar fogo, TPI pode investigar ciberataques: o 841.º dia de guerra
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O plano para um fim das hostilidades foi repudiado pela Ucrânia e pelo Ocidente, e o secretário-geral da NATO disse que Putin não agiu “de boa fé”. Segundo a Reuters, o Tribunal Penal Internacional pode estar prestes a investigar ciberataques a infraestruturas ucranianos, podendo até recolher provas desde a anexação da Crimeia

As tentativas de chegar a um acordo de paz na Ucrânia continuam e, esta sexta-feira, o Presidente russo fez uma proposta para ordenar “imediatamente” um cessar-fogo e iniciar negociações. Contudo, as exigências de Vladimir Putin foram rapidamente afastadas pela Ucrânia e pela NATO, que encararam o plano como uma afronta à soberania ucraniana.

Segundo a Reuters, Putin afirmou que “assim que Kiev iniciar a retirada efetiva das tropas [das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia], e assim que notificar que está a abandonar os seus planos de aderir à NATO, daremos imediatamente, neste preciso momento, a ordem para cessar-fogo e iniciar as negociações”.

O líder russo também exigiu o estatuto não nuclear da Ucrânia, restrições à sua força militar e a proteção dos interesses da população de língua russa no país.

As autoridades ucranianas repudiaram a proposta, que pretendia a cedência de territórios invadidos na linha da frente. Volodymyr Zelensky, numa entrevista à Sky TG24, afirmou que Putin não é de confiança e alertou que a ofensiva russa iria continuar, mesmo que a Ucrânia concordasse com os parâmetros.

Já Mykhailo Podoliak, conselheiro da Presidência ucraniana, disse nas redes sociais que a proposta é “contrária ao bom senso”. “Temos de nos livrar destas ilusões e deixar de levar a sério as 'propostas' da Rússia”, reiterou.

Também a NATO considerou que as declarações de Putin “não foram feitas de boa-fé” e levarão a “mais agressão” em solo ucraniano. “Aquilo não é uma proposta para a paz, é apenas para mais agressão, mais ocupação”, declarou Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa em Bruxelas, após uma reunião com ministros da Defesa da aliança, que incluiu o ministro português Nuno Melo.

“Não é a Ucrânia que tem de retirar tropas do território ucraniano. Isto demonstra que o único objetivo da Rússia é controlar a Ucrânia. Por essa razão é que vamos continuar a apoiá-la”, vincou Stoltenberg.

TPI prepara investigação a ciberataques russos

O Tribunal Penal Internacional estará a ponderar mais uma investigação no âmbito da invasão russa, desta vez aos alegados ciberataques à rede energética civil da Ucrânia, um ato que pode constituir um crime de guerra.

Segundo a agência Reuters, os procuradores do TPI estão a examinar os ataques que deixaram milhares de pessoas sem energia, sem água potável e sem ligações a serviços de emergência, após uma série de bombardeamentos ter danificado também os serviços de telecomunicações de emergência.

A confirmar-se, será a primeira vez que um dos principais tribunais internacionais investiga ciberataques por um Estado.

Fontes do TPI explicaram ainda à agência britânica que a recolha de provas e dados pode ir até 2015, aquando da anexação unilateral da Crimeia pela Rússia, e os possíveis ciberataques levados a cabo na altura.

Moscovo tem recusado consecutivamente os vários ciberataques que lhe são apontados, mas vários especialistas independentes e organizações de direitos humanos têm documentado os vários ataques de hackers pró-russos a infraestruturas críticas da Ucrânia.

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