Guerra na Ucrânia

Rússia e Ucrânia trocam acusações sobre ataques à central de Zaporíjia, Lavrov reforça laços com Pequim: o essencial do 776.º dia de guerra

Central nuclear de Zaporíjia
Central nuclear de Zaporíjia
ALEXANDER ERMOCHENKO

Central nuclear ucraniana de Zaporíjia foi alvo de drones kamikaze: russos que controlam as instalações dizem que “tentativas de ataque” das forças armadas ucranianas “continuam”, enquanto Kiev afirma que Moscovo divulga informações “falsas”. Agência Internacional de Energia Atómica alerta para “risco de um acidente nuclear grave”. Ministro dos Negócios Estrangeiros russo chega à China para visita oficial. Eis um resumo do que se passou nesta segunda-feira

A Rússia e a Ucrânia acusaram-se mutuamente nesta segunda-feira de terem lançado drones kamikaze contra a central nuclear ucraniana de Zaporíjia. O incidente foi condenado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que lembra que esta é a primeira vez que o local é alvo de uma ação militar direta desde novembro de 2022.

Os inspetores da AIEA analisaram os danos causados em três locais, nomeadamente o impacto no telhado de um reator, mas indicaram que a integridade estrutural não ficou comprometida. Tomada pela Rússia no início da guerra, a maior central nuclear da Europa encontra-se na linha da frente, ao alcance das forças armadas de ambos os lados.

O diretor-geral da AIEA descreveu o sucedido como uma grave escalada e apelou a que não se repita. “Estes ataques imprudentes aumentam significativamente o risco de um acidente nuclear grave e devem cessar imediatamente”, afirmou Rafael Grossi, citado pelo “The Guardian”.

Os russos que controlam as instalações afirmaram que “as tentativas de ataque à central nuclear de Zaporíjia por parte das forças armadas ucranianas continuam”. Já Andriy Kovalenko, responsável do centro ucraniano de combate à desinformação, referiu que Moscovo está a divulgar informações “falsas” sobre Kiev, “fingindo que a ameaça à central e à segurança nuclear vem da Ucrânia”.

Outras notícias que marcaram o dia:

⇒ Os ataques russos atingiram 80% das centrais termoelétricas ucranianas nas últimas semanas, declarou o ministro da Energia ucraniano, denunciando “o maior ataque” contra o setor energético do país. “Podemos dizer que foram atacadas cerca de 80% das centrais termoelétricas, mais de metade das centrais hidroelétricas. E um grande número de estações” de retransmissão de energia, afirmou German Galushchenko em conferência de imprensa.

⇒ O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, chegou à China para uma visita oficial destinada a reforçar os laços com Pequim, principal parceiro diplomático e económico de Moscovo, anunciou o Governo russo. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Lavrov vai permanecer na capital chinesa até terça-feira, onde deve manter conversações com o homólogo chinês, Wang Yi.

Lavrov à chegada a Pequim
AP

⇒ As autoridades ucranianas indicaram que a Rússia lançou 24 drones contra o país, atingindo infraestruturas críticas na região central de Zhytomyr e danificando instalações logísticas no sul. A defesa aérea ucraniana derrubou 17 dos 24 drones utilizados pelos russos, informou a força aérea no Telegram.

⇒ Pelo menos três pessoas morreram na sequência de bombardeamentos russos na região ucraniana de Zaporíjia, já alvo de ataques mortíferos na véspera. “Três pessoas foram mortas e três ficaram feridas”, afirmou o chefe da administração regional de Zaporíjia, Ivan Federov, em mensagens divulgadas nas redes sociais.

⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, e o homólogo francês, Stéphane Séjourné, reforçaram o pedido de apoio internacional à Ucrânia. “Ambos estamos absolutamente certos: a Ucrânia deve vencer esta guerra. Se a Ucrânia perder, todos nós perderemos. O custo de não apoiar a Ucrânia agora será muito maior do que o custo de repelir [o Presidente russo, Vladimir] Putin”, lê-se no artigo conjunto publicado no “The Telegraph” pelo 120.º aniversário da “Entente Cordiale”.

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