Guerra na Ucrânia

Flores para Navalny, pedido de armas de Kiev e alerta na Alemanha após Rússia escutar uma conversa secreta: um resumo do 738º dia de guerra

Coveiros abrem sepulturas, no cemitério nº 18 de Kharkiv, nordeste da Ucrânia
Coveiros abrem sepulturas, no cemitério nº 18 de Kharkiv, nordeste da Ucrânia
Hnat Holyk / Getty Images

Um dia após o funeral de Alexei Navalny, nos arredores de Moscovo, continuam as homenagens quer ao homem quer aos russos que, de forma corajosa, acorrem ao cemitério onde foi enterrado um dos maiores críticos de Vladimir Putin. Na Ucrânia, uma chuva de ataques com drones lançados pela Rússia durante a madrugada levou o Presidente Volodymyr Zelensky a renovar pedidos de armamento

Este sábado, foi dia de funerais no cemitério nº 18, na cidade ucraniana de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia. Foram a enterrar militares ucranianos que tombaram na guerra iniciada com a invasão russa do seu país, a 24 de fevereiro de 2022. O Presidente da Ucrânia afirmou recentemente que o número de militares ucranianos mortos nesta guerra ascende aos 31 mil.

Volodymyr Zelensky deixou de fora as vítimas civis, que também não param de aumentar. Esta madrugada, pelo menos duas pessoas foram mortas na sequência de ataques russos com drones, contra um bloco de apartamentos em Odessa (sul da Ucrânia) e contra uma casa, na região de Kharkiv, precisamente.

De um lado e do outro desta guerra, que já cumpriu dois anos, o cenário é de morte. Este sábado, também na Rússia, muitos russos continuaram a lamentar a morte de Alexei Navalny, um dia após ser enterrado, num cemitério nos arredores de Moscovo. Num cortejo contínuo de homenagem ao homem que mais desafiou Vladimir Putin, nos últimos anos, centenas de russos continuaram a dirigir-se ao cemitério de Borissovo, para depositar flores, em especial cravos e rosas, na sua campa. A polícia está no local em ação de revista aos visitantes, ainda que em muito menor número do que no dia do funeral.

À distância, João Gomes Cravinho, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, homenageou a coragem dos russos em se associarem a uma figura crítica do Kremlin. “Foi impressionante o número de cidadãos russos que desafiaram a ditadura de Putin e marcaram presença no enterro de Alexei Navalny”, escreveu na rede social X. “A embaixadora de Portugal esteve presente, juntamente com quase todos os embaixadores europeus.”

Madalena Fischer, embaixadora de Portugal em Moscovo, já tinha depositado flores na pedra de Solovetsk, um memorial dedicado às vítimas da repressão política nos tempos da União Soviética, a 19 de fevereiro, três dias após ser conhecida a morte de Navalny, numa prisão do Ártico.

A mãe de Alexei Navalny (de óculos escuros) e a sogra visitaram, este sábado, a campa do crítico de Vladimir Putin
OLGA MALTSEVA / AFP / GETTY IMAGES

A guerra na Ucrânia está no centro de uma fuga de informação que a Alemanha está a investigar e que o chanceler Olaf Scholz já rotulou de “muito grave”. Em causa está a divulgação, na imprensa russa, da gravação de uma conversa confidencial de 30 minutos entre altos responsáveis militares alemães sobre a possibilidade de enviar mísseis Taurus para a Ucrânia, ainda que reconheçam não haver autorização para esse fornecimento.

A divulgação da conversa é cirúrgica, uma vez que, esta semana, Scholz defendeu que a Alemanha não pode entregar mísseis Taurus à Ucrânia sob pena de se tornar um participante direto no conflito, dado ser imprescindível a ajuda de soldados alemães para manusear o armamento.

“Na reunião de segunda-feira, em Paris, deixámos bem claro: a NATO, ou qualquer um dos nossos países, não participará nesta guerra. Não vamos enviar soldados europeus para a Ucrânia, não queremos uma guerra entre a NATO e a Rússia”, disse Olaf Scholz, este sábado, no encerramento do congresso do Partido Socialista Europeu, em Roma

Desde a Ucrânia, continuam a sair pedidos de mais armamento. Este sábado, o Presidente Volodymyr Zelensky, solicitou mais defesas antiaéreas aos aliados ocidentais, num apelo que ilustrou divulgando imagens do ataque russo com drones da madrugada.

“O escudo aéreo ucraniano deve ser reforçado para proteger eficazmente o nosso povo do terror russo. Mais defesas aéreas e mísseis antiaéreos é o que salva-vidas”, defendeu Zelensky numa mensagem na rede social Facebook, acompanhada de um vídeo que mostra as consequências do ataque a Odessa.

No total, as forças ucranianas registaram um total de 17 ataques com drones kamikaze de fabrico iraniano, 14 dos quais foram abatidos pelas defesas antiaéreas em Odessa, Mikolayev, Zaporiyia, Kharkov, Sumi e Dnipropetrovsk.

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