Apoio à Ucrânia em foco em Davos, enquanto Rússia e Coreia do Norte reforçam laços: o essencial do 692.º dia de guerra
Volodymyr Zelensky durante o discurso no Fórum Económico Mundial, em Davos
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O Presidente ucraniano pediu e diversos líderes confirmaram: o apoio à Ucrânia é para continuar. “Reforcem a nossa economia e nós reforçaremos a vossa segurança”, disse Volodymyr Zelensky em Davos, onde discursou e esteve reunido com aliados durante o Fórum Económico Mundial. Em Moscovo, Putin recebeu a ministra dos Negócios Estrangeiros norte-coreana. Eis um resumo dos principais acontecimentos nesta terça-feira
No palco do Fórum Económico Mundial, que decorre até sexta-feira em Davos (Suíça), o Presidente ucraniano apelou ao apoio internacional ao país contra a invasão russa. “Se alguém pensa que isto é apenas sobre a Ucrânia, está fundamentalmente enganado”, declarou Volodymyr Zelensky.
Em anos anteriores, Zelensky discursou em Davos através de videoconferência. A decisão de comparecer pessoalmente este ano reflete a preocupação de Kiev sobre um eventual cansaço do Ocidente em relação à guerra. “Reforcem a nossa economia e nós reforçaremos a vossa segurança”, destacou.
O discurso – aplaudido de pé – seguiu-se a um encontro do líder ucraniano com 70 altos dirigentes, entre os quais a presidente da Comissão Europeia. “A Ucrânia pode vencer esta guerra, mas temos de continuar a reforçar a sua resistência. Os ucranianos precisam de financiamento previsível durante 2024 e mais além. Precisam de um fornecimento suficiente e sustentado de armas para defender a Ucrânia e recuperar o seu território legítimo”, afirmou Ursula von der Leyen. “A adesão à União Europeia (UE) será um feito histórico para a Ucrânia”, acrescentou.
No mesmo local, Zelensky pediu ao secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, o envio de mais sistemas de defesa aérea para a Ucrânia. Já o chefe da diplomacia dos Estados Unidos prometeu a continuação do apoio. “Estamos determinados a manter o nosso apoio à Ucrânia e estamos a trabalhar em estreita colaboração com o Congresso. Sei que os nossos colegas europeus estarão a fazer o mesmo”, afirmou Antony Blinken.
⇒ O Parlamento Europeu apelou a todos os países da UE que aumentem o apoio militar à Ucrânia. Os eurodeputados apontam, num texto comum, a necessidade de os 27 continuarem a assegurar as “promessas feitas e garantirem um apoio militar sustentável e de longo prazo”. O texto surge dois dias antes de ser votado, em plenário, um projeto de resolução, que não é vinculativo, que apela à UE que redobre os esforços para apoiar o país.
⇒ Também a ministra dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, Hadja Lahib, pediu à UE que aumente a ajuda militar à Ucrânia, uma vez que “os objetivos políticos e militares russos não se alteraram” e, por isso, a Ucrânia precisa de meios para responder. A Bélgica assume este semestre a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
⇒ Por outro lado, o primeiro-ministro húngaro defendeu que a ajuda à Ucrânia deve ser feita “de uma forma que não prejudique o orçamento da UE”. “Mas ceder 50 mil milhões de euros do orçamento da UE durante quatro anos é uma violação da soberania e dos interesses nacionais da UE. Nem sequer sabemos o que vai acontecer dentro de um quarto de ano”, disse Viktor Orbán.
⇒ O Presidente russo considerou ser “bastante óbvio” que a contraofensiva ucraniana “falhou” e que “a iniciativa está completamente nas mãos das forças armadas russas”. “Se isto continuar, o Estado ucraniano pode sofrer um golpe irreparável e muito grave”, afirmou Vladimir Putin. O líder russo reuniu-se nesta terça-feira em Moscovo com a ministra dos Negócios Estrangeiros norte-coreana, num sinal de aproximação entre os dois países, que se reforçou desde o início da ofensiva russa na Ucrânia.
Vladimir Putin recebeu nesta terça-feira a ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Choe Son Hui, no Kremlin
ARTEM GEODAKYAN
⇒ A Ucrânia ordenou a evacuação de 26 aldeias da região de Kharkiv, devido aos repetidos ataques do exército russo na zona. Já esta noite, mísseis russos atingiram uma área residencial no centro da cidade, ferindo 16 pessoas e danificando casas. “Estes ataques foram no centro da cidade. Precisamente onde não existem infraestruturas militares e precisamente onde existem, de facto, residências”, salientou o presidente da câmara, Ihor Terekhov.
⇒ O estado de emergência foi declarado nesta terça-feira na cidade de Voronezh, no sul da Rússia, depois de um ataque de drones ucranianos ter ferido um rapaz de seis anos e uma rapariga, segundo as autoridades. De acordo com o Ministério da Defesa russo, cinco drones ucranianos foram destruídos pelas defesas aéreas sobre a região e outros três foram intercetados. Voronezh localiza-se a cerca de 250 quilómetros da fronteira com a Ucrânia.
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