A Ucrânia declarou-se nesta terça-feira pronta para negociações com a Polónia, após o levantamento do bloqueio da sua fronteira pelos camionistas polacos, mas comprometeu-se a defender a "sobrevivência" da sua economia nessas conversações.
"Continuaremos a defender o acordo sobre a liberalização do transporte de mercadorias (que permite aos camionistas ucranianos a isenção de autorizações de entrada na União Europeia desde o início de 2022), porque é uma condição essencial para a sobrevivência da nossa economia", disse o vice-primeiro-ministro para a Reconstrução da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov na rede social X (antigo Twitter), afirmando estar "pronto para um diálogo aprofundado" com Varsóvia.
Os transportadores polacos que desde novembro bloqueiam a fronteira com a Ucrânia em protesto contra a concorrência desleal de Kiev vão suspender a sua ação, anunciou hoje o ministro das Infraestruturas polaco, Dariusz Klimczak.
"Temos este acordo, o acordo esperado não só pelos transportadores polacos, mas também por um grande número de empresários na Polónia, pela Comissão Europeia e pela Ucrânia", disse hoje o ministro polaco à imprensa, depois de assinar um acordo com os representantes dos grevistas. "Os protestos vão cessar até 1 de março", precisou.
Este acordo "não representa o fim do diálogo, muito pelo contrário, ele dá início a reuniões intensivas que deverão conduzir a soluções muito precisas com vista a obter (...) tudo o que as transportadoras exigem", salientou o ministro polaco.
Segundo Klimczak, trata-se de conversações complexas que abrangem áreas como "os assuntos internacionais, a política externa, a cooperação com a Ucrânia e com várias instituições polacas".
Falando em nome dos camionistas polacos, Rafal Mekler, um dos organizadores dos bloqueios, declarou conceder ao Ministério das Infraestruturas polaco "um crédito de confiança". "Não é uma capitulação, mas uma pausa estratégica", mas "se não conseguirmos encontrar soluções, regressaremos à fronteira", insistiu, na rede social X.
Em meados de novembro, os representantes das transportadoras rodoviárias da Europa central tinham exigido à União Europeia (UE) que pusesse fim a um acordo de transportes com a Ucrânia que, segundo eles, originou uma situação de concorrência desleal por parte daquele país.
Num comunicado conjunto, os presidentes das associações de transportadoras rodoviárias checa, húngara, lituana, polaca e eslovaca pediram então que fossem novamente exigidas autorizações de entrada na UE para os camionistas ucranianos, um sistema que a UE abandonou após a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
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