Mais de mil localidades ucranianas sem eletricidade, Hungria pode levantar veto aos apoios: o que marcou o 685.º dia de guerra
Na linha da frente, em Lyman
Libkos
A Ucrânia admite que já sofre com a escassez de mísseis guiados antiaéreos, mas, em Belgorod, as forças russas continuam a enfrentar dificuldades devido aos ataques constantes. Mais de mil cidades e aldeias ucranianas ficaram, entretanto, sem energia, devido aos bombardeamentos das infraestruturas de energia, por parte das tropas de Moscovo. Eis os destaques do 685º. dia de guerra
O inverno frio começa a fazer aquecer a máquina de guerra russa. No 685º. dia do conflito, esta terça-feira, o operador da rede elétrica Ukrenergo revelou que mais de mil cidades e aldeias, em nove regiões da Ucrânia, ficaram sem eletricidade, com o sistema de energia a ser frequentemente enfraquecido pelos ataques russos. A Ucrânia teve mesmo de começar a importar eletricidade das vizinhas Roménia e Eslováquia para poder satisfazer a procura, de acordo com a empresa responsável pelo fornecimento.
No mesmo dia, dois drones atingiram um depósito de combustível na cidade russa de Oryol, 370 km a sul de Moscovo e a 217 km da fronteira com a Ucrânia. A informação foi divulgada pelo líder do executivo local. Andrei Klychkov adiantou ainda, no Telegram, que o incêndio provocado no complexo foi dominado.
O Kremlin afirma que os militares russos farão tudo o que estiver ao seu alcance para combater o aumento dos bombardeamentos ucranianos na cidade fronteiriça de Belgorod, que tem sido alvo de intensos ataques com drones, ao longo de meses. Do lado da Ucrânia, o porta-voz da Força Aérea, Yuriy Ihnat, revelou uma das fragilidades do país invadido: uma escassez de mísseis guiados antiaéreos. “A Ucrânia gastou uma reserva considerável em três ataques que ocorreram. É claro que há um défice de mísseis guiados antiaéreos.”
⇒ Num momento em que Kiev enfrenta uma quebra de investimentos ocidentais na sua defesa, a Hungria indicou que poderá levantar o seu veto à ajuda da UE à Ucrânia se o financiamento for revisto todos os anos. A notícia foi avançada pelo site noticioso “Politico”. Três fontes diplomáticas da UE informaram que Budapeste poderá retirar a sua oposição se o Conselho Europeu aprovar por unanimidade o financiamento anual, o que significa que o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, poderia também extrair algumas concessões ao bloco.
⇒ Aliás, o primeiro-ministro belga manteve, nesta terça-feira, conversas separadas com o Presidente ucraniano e o chanceler alemão, antes da cimeira extraordinária da União Europeia (UE), para tentar desbloquear a ajuda de 50 mil milhões de euros, vetada pela Hungria. "A UE continuará a expandir o seu apoio à Ucrânia", garantiu Alexander De Croo, através da rede social X, depois de ter abordado com o chefe de Estado ucraniano Volodymyr Zelensky "o caminho a seguir" no apoio a Kiev.
⇒ Os Estados Unidos e vários aliados, incluindo Portugal, Japão ou Coreia do Sul, condenaram a alegada utilização de mísseis balísticos norte-coreanos pela Rússia na guerra na Ucrânia. Mais de 40 ministros dos Negócios Estrangeiros assinaram uma declaração na qual condenam a exportação por parte da Coreia do Norte e a aquisição e utilização por Moscovo destes mísseis balísticos.
⇒ O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, fará um “discurso especial” no Fórum Económico Mundial em Davos na próxima semana. Apesar disso, o conflito no Médio Oriente deverá dominar o fórum anual.
⇒ O projeto de lei de mobilização militar da Ucrânia prevê não recrutar mulheres nem introduzir sorteio, de acordo com Yehor Chernev, vice-presidente da comissão de defesa do Parlamento do país.