Vladimir Putin confiava, desde o início da guerra na Ucrânia, que não seria necessário vencê-la; seria apenas preciso fazê-la durar o tempo suficiente para que o Ocidente se desmobilizasse. Quase dois anos depois, a teoria ameaça mostrar-se certeira. Nesta segunda-feira, as forças russas lançaram um ataque com mísseis em grande escala por todo o território ucraniano: cidades como Kryvyi Rih, no sul da Ucrânia, Zaporíjia, no sudeste, Kharkiv, no nordeste, e também Dnipropetrovsk e Khmelnytskyi estiveram sob o “ataque massivo de mísseis” russos. Olena Zelenska, mulher do Presidente ucraniano, apelou novamente: a realidade da guerra “só pode ser alterada pelas armas”. De acordo com os analistas, ainda que a invasão da Ucrânia não tenha corrido de feição a Moscovo, e mesmo com o apoio inicial da NATO, com uma grande quantidade de armas, munições e alta tecnologia, agora Kiev está em desvantagem em termos de material militar.
“Os exércitos não ficam sem munição porque há sempre alguma disponível, mas, à medida que os arsenais começam a ser limitados, os militares devem dar prioridade aos seus alvos, o que cria riscos no campo de batalha”, explica Mark Cancian, antigo conselheiro do Departamento de Defesa norte-americano. “No curto prazo, os russos têm vantagem, porque ainda possuem ‘stocks’ enormes, que sobraram da União Soviética. A NATO e os EUA desmobilizaram a maior parte deles.” Se é verdade que ambos os lados estão a lutar para encontrar fontes adicionais de abastecimento - uma vez que a guerra está a esgotar armas e munições mais rapidamente do que estes podem ser produzidos -, e que “os EUA e a Europa estão a enviar toda a sua produção mensal de munições para a Ucrânia”, agora as forças ocidentais querem “reduzir cada vez mais os arsenais devido a outros possíveis conflitos, como o da Coreia do Norte”, analisa Mark Cancian.
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