Guerra na Ucrânia

Putin quer a “última guerra colonial na Europa”, diz chefe da diplomacia polaca em Kiev: o essencial do 667.º dia de guerra

Putin quer a “última guerra colonial na Europa”, diz chefe da diplomacia polaca em Kiev: o essencial do 667.º dia de guerra
SERGEI SUPINSKY

Na sua primeira deslocação ao estrangeiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia visitou esta sexta-feira a capital ucraniana, reafirmando que “a Rússia tem de perder e a Ucrânia tem de ganhar”. O gesto foi elogiado por Volodymyr Zelenskyy, que agradeceu à Polónia pelo “apoio significativo aos ucranianos”. Eis um resumo de esta e outras notícias que marcaram o 667.º dia de guerra

O novo ministro dos Negócios Estrangeiros polaco visitou esta sexta-feira Kiev e prometeu que a Polónia está ao Ucrânia na “luta tirânica” contra a Rússia. Foi a primeira deslocação ao estrangeiro de Radoslaw Sikorski desde que assumiu o cargo.

“Nesta luta titânica, senhor ministro, a Polónia está do seu lado”, declarou ao seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba. O chefe da diplomacia polaca também criticou a Rússia por “bombardear cidades, destruir províncias inteiras, deportar crianças e preparar-se para destruir um vizinho que nada fez de errado”.

A Polónia é um dos mais fortes aliados de Kiev face à agressão e invasão da Rússia, mas nos últimos meses as relações entre os dois países vizinhos têm sido afetadas por uma série de contenciosos comerciais.

Radoslaw Sikorski publicou uma fotografia durante a manhã desta sexta-feira, captada na Praça Mykhailivska, no centro da capital ucraniana. “Primeira visita ao estrangeiro. Já cá estou”, escreveu na rede social X, antigo Twitter.

Sikorski afirmou ainda que Vladimir Putin queria “reconstruir o império russo”, desencadeando a “última guerra colonial na Europa” a 24 de fevereiro de 2022. “A Rússia tem de perder e a Ucrânia tem de ganhar. E nesta questão, independentemente de quem estará no poder na Polónia, como podem ver, estamos unidos”, acrescentou.

Durante a visita foram ouvidos os alarmes de ameaça de bombardeamentos aéreos, merecendo um comentário do novo ministro polaco: “Essas sirenes que se ouvem agora são a razão pela qual estou aqui”, observou.

Já Volodymyr Zelenskyy agradeceu à Polónia “pelo seu apoio significativo à Ucrânia e aos ucranianos enquanto nos defendemos da agressão em grande escala da Rússia”. “Ambos concordamos que as nossas relações bilaterais precisam de um impulso e que todas as preocupações devem ser resolvidas de uma forma mutuamente respeitosa”.

O Presidente ucraniano informou também que foram debatidas as atuais necessidades militares do seu país, o reforço da cooperação em matéria de defesa, a produção conjunta de armamento e ainda a aquisição de armas polacas “que se revelaram eficazes no campo de batalha”.

Outras notícias que marcaram o dia

⇒ A União Europeia vai enviar mais 500 geradores para a Ucrânia, para ajudar a população a resistir às condições meteorológicas do inverno e a responder às quebras de eletricidade, anunciou a Comissão Europeia. Os geradores, no valor de mais de 16 milhões de euros, serão das reservas estratégicas da UE na Polónia.

⇒ O Governo dos Países Baixos anunciou que vai entregar 18 caças F-16 à Ucrânia, apesar de Moscovo ter alertado, na semana passada, que vai retaliar se for atacada por estes caças ao serviço de Kiev a partir de bases da NATO. O anúncio foi feito pela ministra da Defesa neerlandesa que, no entanto, não adiantou quando é que os caças serão entregues.

⇒ Uma investigação do diário norte-americano Wall Street Journal hoje divulgada atribui a autoria de um plano para eliminar Yevgeny Prigozhin, ex-líder do grupo russo mercenário Wagner, a Nikolai Patrushev, um ex-espião próximo de Vladimir Putin. Prigozhin morreu em 23 de agosto num desastre aéreo com mais nove pessoas a bordo, após ter liderado um motim contra a liderança militar russa. Já o Kremlin qualificou de “pulp fiction” esta notícia avançada pelo WSJ.

⇒ As autoridades ucranianas anunciaram a recuperação dos restos mortais de 66 soldados caídos em combate contra a Rússia. Serão transportados para centros especiais designados pelo Estado ucraniano, onde serão entregues a representantes das forças da ordem e especialistas forenses que procederão à sua identificação.

⇒ A administração norte-americana está a ultimar uma série de ordens executivas que permitirão sancionar entidades financeiras que os EUA acreditam estarem “secundariamente envolvidas no contrabando” de tecnologia militar para a Rússia. Em concreto, as entidades visadas estarão envolvidas no tráfico ilícito de semicondutores e de equipamento ótico para a Rússia.

⇒ O apoio de Portugal ao esforço militar da Ucrânia foi abordado no primeiro contacto do novo ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, com a sua homóloga portuguesa, Helena Carreiras. Segundo nota da Embaixada da Ucrânia em Portugal, o contacto telefónico entre os dois ministros serviu para “discutir a formação de pessoal técnico e de apoio ucraniano para os F-16, bem como outro tipo de assistência”.

Pode recordar aqui o que aconteceu no dia anterior.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mtribuna@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate