Guerra na Ucrânia

Mísseis com alcance de 305 quilómetros, drones armados e tanques: as armas que os EUA não querem dar à Ucrânia (pelo menos para já)

Um tanque Abrams pertencente às forças armadas norte-americanas
Um tanque Abrams pertencente às forças armadas norte-americanas
MATEUSZ SLODKOWSKI

Casa Branca anunciou a doação de mísseis Patriot para a Ucrânia após meses de insistência por parte do governo de Kiev. Ainda assim, Zelensky saiu de Washington sem todas as “prendas” que queria

A visita do Presidente ucraniano a Washington foi bem sucedida: os EUA concederam a Kiev um pacote de quase dois mil milhões de euros em armas e equipamento militar, e o Congresso deu sinais de que iria aprovar mais 50 mil milhões ao longo do próximo ano.

Os mísseis de defesa antiaérea Patriot estão incluídos nas ajudas anunciadas esta semana – e há meses que eram pedidos por Kiev a Washington. A 9 de dezembro, um dos principais assessores de Zelensky publicou no Twitter uma lista de prendas de natal: os Patriot eram a quarta prenda da lista, mas também foram a única que a Administração Biden concedeu até agora.

Ou seja: há muitas armas que Washington não quer enviar para a Ucrânia – pelo menos para já. Nessa lista estão os mísseis de longo alcance como o MGM-140 ATACMS, capaz de atingir um alvo a 305 quilómetros, por exemplo. Segundo o “The New York Times”, a Casa Branca considera que há o risco de a Ucrânia usar este tipo de equipamento para atingir o território russo – o que iria levar Putin a responder, intensificando ainda mais a guerra.

“[A NATO] não está à procura de entrar em guerra com a Rússia”, lembrou Biden durante a conferência de imprensa com Zelensky, apontando que nem todos os países da Aliança Atlântica iriam concordar com o envio destas armas.

Além destes mísseis, os EUA também têm resistido a enviar drones armados (como o MQ-1C Gray Eagle e o MQ-9 Reape): o Pentágono receia que as forças armadas russas pudessem atingir os equipamentos, recuperá-los, e tirar partido da tecnologia norte-americana.

Por último, os EUA também estão a retirar da equação equipamentos avançados como os tanques Abrams ou os jatos F 16. Ao “New York Times”, uma fonte do Pentágono explica que as tropas ucranianas já têm tanques e jatos suficientes vindos de outros países – e além disso, operar estes sistemas exige uma formação de meses e manutenção geralmente levada a cabo por civis (que por sua vez podem não estar seguros na Ucrânia).

Esta quinta-feira, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano sublinhou que Biden e Zelensky não se encontraram apenas para decidir que tipo de armas serão disponibilizadas. “Há a garantia de que mais meios vão ser enviados para a Ucrânia. Mas que meios são esses e em que quantidades é algo que ainda não está definido”, afirmou John Kirby.

“Qualquer presidente ou comandante das forças armadas em circunstâncias semelhantes iria querer o máximo possível num curto espaço de tempo, e nós estamos comprometidos em cumprir o nosso papel e ajudar”, completou o responsável.

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