Guerra na Ucrânia

Quem é Alina Kabaeva, a ex-ginasta olímpica “intimamente associada a Putin”, alvo das sanções de Bruxelas?

Quem é Alina Kabaeva, a ex-ginasta olímpica “intimamente associada a Putin”, alvo das sanções de Bruxelas?
VCG

Os rumores da relação entre a ex-atleta olímpica e o Presidente da Rússia remontam a 2008. Alina Kabaeva não é vista em público desde 2019, quando foi mãe de gémeos

O The Guardian e a Bloomberg noticiaram esta quinta-feira que a União Europeia está a planear incluir mais nomes russos na lista de indivíduos alvo de sanções. Segundo os documentos consultados pelas publicações, Alina Kabaeva é uma das visadas pelo novo pacote.

Mas quem é Alina Kabaeva?

Alina Kabaeva, de 38 anos, é uma ex-atleta olímpica desde há muito associada a Putin. Os rumores apontam-na como namorada do Presidente da Rússia; os documentos da UE descrevem-na como estando "intimamente associado ao Presidente Vladimir Putin"

Nascida em 1983 no Uzbequistão (na altura parte da União Soviética), Alina Kabaeva começou a praticar ginástica rítmica com apenas quatro anos. Filha de um futebolista profissional, a família mudou-se várias vezes dentro do território soviético antes de se fixar na Rússia, onde começou a treinar para participar em competições.

Ganhou o primeiro título internacional em 1998, no campeonato europeu (que decorreu nesse ano em Portugal). Com apenas 15 anos, era a atleta mais nova da equipa em prova.

Stephane Reix

A partir daí conquistou vários títulos. Em 1999, venceu novamente o europeu e pela primeira vez o mundial (feito que repetiu novamente em 2003). Nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000 conquistou a medalha de bronze. Na edição seguinte (Atenas 2004) levou para casa a medalha de ouro.

A sua carreira ficou contudo manchada pela polémica. Em 2001, Alina Kabaeva viu-se envolvida num escândalo de dopping. A Federação Internacional de Ginástica acabou por retirar-lhe o título de campeã do mundo conquistado nesse ano em Madrid. O título passou para a ucraniana Tamara Yerofeeva.

A ginasta anunciou que se ia retirar em 2004, tendo voltado a competir numa prova amigável em 2005 e vencido um campeonato da Gazprom em 2006.

Em 2005, Alina Kabaeva começou a sua carreira política como membro da Câmara Cívica da Federação Russa. Em 2007 foi eleita pelo Rússia Unida, o partido de Putin, para o Parlamento russo. Acabaria por deixar este cargo sete anos mais tarde, em 2014, quando assumiu a presidência do conselho de administração do grupo de comunicação pró-Kremlin, National Media Group, apesar da aparente falta de experiência na área. De acordo com jornal independente "The Insider", o seu salário anual ascendia aos 9,5 milhões de euros.

Onde começaram os rumores?

Os rumores sobre a sua relação com Putin surgiram em 2008. Na altura, o jornal "Moskovsky Korrespondent" noticiou que o Presidente estava a divorciar-se secretamente da mulher, Lyudmila, e a planear casar-se com a ginasta. A notícia foi negada pelo Kremlin e o jornal fechou uma semana depois alegando "dificuldades financeiras".

A separação entre Putin e Lyudmila foi oficialmente anunciada em 2013, quando o casal assinalava 30 anos de casamento. Putin e Alina Kabaeva sempre negaram publicamente o relacionamento.

"Estou, é claro, ciente do cliché de que os políticos vivem em casas de vidro, mas mesmo nesses casos, deve haver alguns limites... Sempre detestei pessoas que andam por aí com as suas fantasias eróticas, metendo o nariz cheio de ranho na vida de outras pessoas", afirmou Putin em 2014, numa entrevista à Newsweek.

Alina Kabaeva e Vladimir Putin num encontro de atletas candidatos à equipa olímpica russa na residencia presidencial de Novo-Ogaryovo, em 2004
SERGEI CHIRIKOV

Ainda assim os rumores sobre a relação perpetuaram-se, acreditando-se que o casal tem vários filhos. Em 2019, Alina Kabaeva foi mãe de gémeos, num parto repleto de secretismo. Desde então nunca mais foi vista em público, havendo muita especulação sobre o seu paradeiro. Suíça, Urais, Sibéria e Ártico são alguns das possibilidades apontadas como local de residência com os filhos.

No ano passado voltaram a emergir rumores de que estaria novamente grávida.

Patriarca da Igreja Ortodoxa russa entre os alvos das novas sanções

O sexto pacote de sanções ainda não foi aprovado pelos 27 estados-membros. A confirmar-se a proposta divulgada pelo The Guardian e Bloomberg, Alina Kabaeva não será a única visada.

Na calha estão também, entre outros, o Patriarca da Igreja Ortodoxa Kirill, a mulher e filhos do porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov e a mulher de Alexei Mordashov, o homem mais rico da Rússia. A lista inclui também comandantes militares suspeitos de estar ligados às atrocidades cometidas em Bucha e ao cerco de Mariupol.

Estes juntam-se aos mais de russos que já constam das sanções desde o início da invasão. Ficarão impedidos de viajar em território europeu e verão os seus ativos congelados.

Em abril, o Wall Street Journal noticiou que os EUA estavam a evitar incluir Alina Kabaeva na lista de sanções devido à sua proximidade a Putin, tentando assim evitar a escalada de tensão com o que poderia ser interpretado como um ataque pessoal pelo Presidente russo. No entanto, a notícia foi desmentida pela Casa Branca, que lembrou que as filhas adultas de Putin, Maria Vorontsova and Katerina Tikhonova, já constam da lista.

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